domingo, 2 de novembro de 2025

CONVERSANDO


Quantos anos depois?

Continuamos a recordar quem não queremos esquecer.

Citar Herberto Helder:

«Morrer era agora minha liberdade, e eu tinha a vida inteira para executá-la pormenorizadamente.»

Há dois géneros de pessoas: as que acham que tudo se passa no principio e as que acham que tudo se passa no fim. Foi isso que T.S. Eliot escreveu: «In my beginning is my end».

Ou como diria o vagabundo no bar irlandês, acabando a última Pin:

Life is a bitch… and then you die.

Miguel Torga diz que o homem é em si uma solidão:

«Nascemos sós, vivemos sós, morremos sós.»

Uma prosa existente na papelada da casa e que não consigo saber o autor, ou os papéis de onde copiei, num guardanapo de café de bairro, a citação:

«Todos devemos deixar qualquer coisa atrás de nós, ao morrermos, dizia o meu avô. Um filho, um livro, um quadro, uma casa, uma parede ou um par de sapatos. Ou ainda um jardim plantado de flores. Qualquer coisa que a mão tocou e para onde irá a alma no instante da morte. E quando as pessoas olharem essa árvore ou essa flor que plantámos nós, estamos lá, sob os seus olhos.» 

2 comentários:

  1. Pois, pois, pois...

    curiosamente, a vida também é isto.

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  2. Onde é a estrada?, caro Luís.
    O poeta-pregador José Tolentino de Mendonça lançou um dia a interrogação:
    E se pensar na morte fosse a melhor maneira de dar valor à vida?
    O ateu que sou, arrepia-se…
    Voemos para outro lado:
    «À beira do fim há sempre tanta coisa que começa!
    Será isto medo de morrer e o desejo (para quê?) de deixar tudo arrumado? Para quem?»
    Mário Dionísio
    «Tenho tudo em meio e já não me restam muitos anos para acabar o que está e há-de vir.»
    Mário Sacramento

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