segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

SUBLINHADOS SARAMGUIANOS


Ao passar os olhos pela Loja Frenesi, vi que a 2ª edição

de Levantado do Chão de José Saramago está à venda.

Paulo da Costa Domingos, há longo tempo, proprietário da Frenesi, adianta:

LEVANTADO DO CHÃO

JOSÉ SARAMAGO
capa e arranjo gráfico de José Araújo
Lisboa, 1983
Editorial Caminho
4.ª edição
210 mm x 137 mm
368 págs.
exemplar estimado; miolo limpo
VALORIZADO PELA DEDICATÓRIA MANUSCRITA DO AUTOR
95,00 eur (IVA e portes incluídos)

«É o livro charneira na obra do escritor. Antes, independentemente das suas qualidades reconhecidas entre pares na arte, era um escritor encurralado por um crónico reduzido número de vendas; o vertente romance projectá-lo-á entre os leitores vulgares de Lineu, trazendo-lhe uma justa admiração crescente. A controvérsia que sempre os seus romances causaram – a pontos de um ministro de Estado passar a ser conhecido pela triste figura de ignorante que fez ao vetar a candidatura de Saramago a um prémio literário – radica apenas no preconceito ideológico contra as vozes de um partido político. No geral os seus adversários nunca o leram, porque a maior homenagem a um escritor é ser lido.
Do vertente livro disse a professora universitária Maria Lúcia Lepecki:
«[...] Construído numa dignidade de linguagem de todo invulgar, numa beleza conteudística e formal quase dolorosa, espelho do modo afectivo e inteligente como José Saramago está no mundo enquanto homem político e intelectual, Levantado do Chão é, mais que envolvente, avassalador. Uma força da natureza, se tal é lícito chamar a um produto cultural.»
Esta 4.ª edição ainda apresenta impresso na portada um núcleo de dedicatórias, encimado por «À Isabel [da Nóbrega], sempre», que o escritor fará desaparecer em posteriores reedições.»

 

Este pormenor das dedicatórias que José Saramago retirou, a partir de um certo tempo, retirando o nome de Isabel da Nóbrega para passar a colocar Pilar del Rio, tem servido a muito boa gente para desmerecer o nome de José Saramago.

Saramago pronunciou-se por várias vezes sobre o assunto, garantindo que as dedicatórias fizeram sentido na altura em que essas edições foram publicadas. E essas edições, já esgotadas, permanecem em sintonia com as inclinações amorosas da altura, o tempo em que os livros foram escritos.

No Cais, aqui e aqui, tratámos o assunto.

Em 19 de Setembro de 2021, na sua crónica no Ipsilon, do jornal Público,António Guerreiro citava uma observação, a propósito das dedicatórias, feita por Joana Mourão Carvalho:

Saramaguiano que sou, tento alhear-me destas miudezas, porque sabe-se que as paixões são o que são, e o importante está na obra de José Saramago. 

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