Ao
passar os olhos pela Loja Frenesi, vi que a 2ª edição
de
Levantado do Chão de José Saramago está à venda.
Paulo
da Costa Domingos, há longo tempo, proprietário da Frenesi, adianta:
LEVANTADO
DO CHÃO
JOSÉ
SARAMAGO
capa e arranjo gráfico de José Araújo
Lisboa, 1983
Editorial Caminho
4.ª edição
210 mm x 137 mm
368 págs.
exemplar estimado; miolo limpo
VALORIZADO PELA DEDICATÓRIA MANUSCRITA DO AUTOR
95,00 eur (IVA e portes incluídos)
«É o livro charneira na obra do escritor. Antes, independentemente das suas
qualidades reconhecidas entre pares na arte, era um escritor encurralado por um
crónico reduzido número de vendas; o vertente romance projectá-lo-á entre os
leitores vulgares de Lineu, trazendo-lhe uma justa admiração crescente. A
controvérsia que sempre os seus romances causaram – a pontos de um ministro de
Estado passar a ser conhecido pela triste figura de ignorante que fez ao vetar
a candidatura de Saramago a um prémio literário – radica apenas no preconceito
ideológico contra as vozes de um partido político. No geral os seus adversários
nunca o leram, porque a maior homenagem a um escritor é ser lido.
Do vertente livro disse a professora universitária Maria Lúcia Lepecki:
«[...] Construído numa dignidade de linguagem de todo invulgar, numa beleza
conteudística e formal quase dolorosa, espelho do modo afectivo e inteligente
como José Saramago está no mundo enquanto homem político e intelectual, Levantado
do Chão é, mais que envolvente, avassalador. Uma força da natureza, se
tal é lícito chamar a um produto cultural.»
Esta 4.ª edição ainda apresenta impresso na portada um núcleo de dedicatórias,
encimado por «À Isabel [da Nóbrega], sempre», que o escritor fará desaparecer
em posteriores reedições.»
Este
pormenor das dedicatórias que José Saramago retirou, a partir de um certo tempo,
retirando o nome de Isabel da Nóbrega para passar a colocar Pilar del Rio, tem
servido a muito boa gente para desmerecer o nome de José Saramago.
Saramago
pronunciou-se por várias vezes sobre o assunto, garantindo que as dedicatórias
fizeram sentido na altura em que essas edições foram publicadas. E essas
edições, já esgotadas, permanecem em sintonia com as inclinações amorosas da
altura, o tempo em que os livros foram escritos.
No
Cais, aqui e aqui, tratámos o assunto.
Em
19 de Setembro de 2021, na sua crónica no Ipsilon, do jornal Público,António
Guerreiro citava uma observação, a propósito das dedicatórias, feita por Joana
Mourão Carvalho:
Saramaguiano que sou, tento alhear-me destas miudezas, porque sabe-se que as paixões são o que são, e o importante está na obra de José Saramago.


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