O ano de 2017,
assinala o centenário do nascimento de Carson McCullers, 19 de Fevereiro de
1917, bem como o cinquentenário da sua morte, 29 de Setembro de 1917.
Cumprindo as
efemérides, a editora Relógio d’Água, publicou O Coração é um Caçador Solitário, numa tradução de Diogo
Vaz Pinto, seguindo-se A Balada do Café Triste, Relógio Sem Ponteiros,
Reflexos nuns Olhos de Ouro e Frankie e o Casamento.
As “vidas invisíveis” que se revelam em páginas de uma
prosa que parece tocar o silêncio segundo as flutuações de um blues. O ambiente
do sul dos Estados Unidos, onde Lula Carson Smith nasceu há cem anos - 19 de
fevereiro de 1917 - e cresceu, morrendo meio século depois sem nunca ter
despido o vestido de menina. Nos seus livros vive toda aquela infância presa
entre acordes de desolação, e uma adolescência tremida, partilhada com essas
personagens que atravessam a juventude povoando cantos sombrios, numa timidez
bravia. Um catálogo de inadaptados: figuras que carregam alguma deformidade,
física ou íntima, algum estigma social, os seres errantes, as vidas presas por
um fio.
E há os sonhos vigiados de perto pela vergonha, as contradições próprias das zonas mais agrestes desses territórios beirando o fim do mundo. O isolamento e com ele a suspeita de tudo, as comunidades como meios de clausura e castigo moral, a intolerância racial, a subjugação das mulheres aos maridos com existências sumidas em fundo doméstico, tudo isso comparece nos seus contos e romances. A sua é uma literatura da defesa dos espíritos desfeitos pelo embate num mundo que preza a forma do quadrado em que as suas dimensões se encerram.
E há os sonhos vigiados de perto pela vergonha, as contradições próprias das zonas mais agrestes desses territórios beirando o fim do mundo. O isolamento e com ele a suspeita de tudo, as comunidades como meios de clausura e castigo moral, a intolerância racial, a subjugação das mulheres aos maridos com existências sumidas em fundo doméstico, tudo isso comparece nos seus contos e romances. A sua é uma literatura da defesa dos espíritos desfeitos pelo embate num mundo que preza a forma do quadrado em que as suas dimensões se encerram.
No catálogo da
editora existe já uma selecção de contos de Carson McCullers traduzidos por Ana
Teresa Pereira.

Uma obra prima duma magistral escritora!
ResponderEliminarQuem não leu Carson McCullers não sentiu ainda o prazer, o supremo prazer do que é um grande livro!