Lisboa tem um vestido azul feito de mar e guerra.
E cheira a laranjas maduras.
Quando as gaivotas trazem no bico os primeiros pedaços de sol para acender o dia, Lisboa deixa correr os cabelos pelo Tejo e o Povo pelas ruas.
À mesma hora, a coragem agita no sangue duas grandes asas inquietas.
Por todas as janelas destruídas, já o mar entrou, derrubando acácias cantando hinos de espuma.
E porque toda a coragem é necessária, toda a esperança
é legítima.
Chamar-te a ti, Lisboa, camarada,
e depois, eu sei lá, enlouquecer.
Que a loucura é quase um grão de nada
e tu tens um nome de mulher.
e depois, eu sei lá, enlouquecer.
Que a loucura é quase um grão de nada
e tu tens um nome de mulher.
Ou dizer que és a minha namorada.
Devagar. Não vá alguém saber
que fizemos amor de madrugada
e tu trazes um filho por nascer.
Devagar. Não vá alguém saber
que fizemos amor de madrugada
e tu trazes um filho por nascer.
Se eu inventar de noite a liberdade
de poder beijar-te os olhos e morrer,
no teu ventre não há fado nem saudade
mas apenas os filhos que eu fizer.
de poder beijar-te os olhos e morrer,
no teu ventre não há fado nem saudade
mas apenas os filhos que eu fizer.
E pode ser que eu guarde a tempestade
de ter que aqui ficar. E então dizer
que sobre a minha boca ninguém há-de
pôr rosas de silêncio, se eu quiser.
de ter que aqui ficar. E então dizer
que sobre a minha boca ninguém há-de
pôr rosas de silêncio, se eu quiser.
Joaquim Pessoa
É dos poemas mais fantásticos que já li, um hino exuma epopeia em 20 ou 30 linhas
ResponderEliminarCaro viajante, muito obrigado pela visita.
ResponderEliminarA título informativo, dizemos que deixámos, há pouco, em «Música pela Manhã», uma outra abordagem ao poema de Joaquim Pessoa, à canção de Carlos Mendes.
Volte sempre.