domingo, 22 de junho de 2025

OLHAR AS CAPAS


Bilhetes de Colares de A.B. Kotter

José Cutileiro

Tradução de J. Fonseca

Capa: desenho deAndré Carrilho

Colecção: Horas Extraordinárias

O Independente, Lisboa 2004

A Mãe chamou-me outro dia a atenção para o estado em que está o Preto da Queijadas. Numa altura em que o Protocolo de Estado deste maravilhosos País, animado pelos triunfos africanos de Suas Excelências o Senhor Presidente da República e o Senhor Primeiro-Ministro, deveria servir apenas queijadas do Preto, esquecendo as das outras marcas, não só não parece haver preferência –dizem-me que, se não virem os rótulos, nem o Senhor General R. Eanes nem o Senhor Dr. P. Balsemão são capazes de distinguoir uma queijada do Preto de uma Piriquita ou da matilde -, como o próprio Preto, o boneco de madeira fardado de manante a apresentar um pacote de queijadas, está reduzido a um taco desbotado pelo e pela chuva, em vez de ser, como era dantes, a presença colorida e galharda de África em Sintra.

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