Bilhetes de Colares de A.B. Kotter
José
Cutileiro
Tradução de
J. Fonseca
Capa: desenho
deAndré Carrilho
Colecção:
Horas Extraordinárias
O Independente, Lisboa 2004
A Mãe chamou-me outro dia a atenção para
o estado em que está o Preto da Queijadas. Numa altura em que o Protocolo de
Estado deste maravilhosos País, animado pelos triunfos africanos de Suas Excelências
o Senhor Presidente da República e o Senhor Primeiro-Ministro, deveria servir
apenas queijadas do Preto, esquecendo as das outras marcas, não só não parece
haver preferência –dizem-me que, se não virem os rótulos, nem o Senhor General
R. Eanes nem o Senhor Dr. P. Balsemão são capazes de distinguoir uma queijada
do Preto de uma Piriquita ou da matilde -, como o próprio Preto, o boneco de
madeira fardado de manante a apresentar um pacote de queijadas, está reduzido a
um taco desbotado pelo e pela chuva, em vez de ser, como era dantes, a presença
colorida e galharda de África em Sintra.

Sem comentários:
Enviar um comentário