A Cidade e as Serras
Eça de Queiroz
Círculo de
Leitores, Lisboa, Setembro de 1984
Sacudi
violentamente Jacinto:
- Acorda, homem,
que estás na tua terra!
Ele desembrulhou
os pés do meu paletó, cofiou o bigode, e veio sem pressa, à vidraça que eu
abrira, conhecer a sua terra.
- Então é Portugal, hem? Cheira bem!
-Está claro que
cheira bem, animal!
A sineta
tilintou languidamente. E o comboio deslizou, com descanso, como se passeasse
para seu regalo sobre as duas fitas de aço, assobiando e gozando a beleza da
terra e do céu.
O meu Príncipe
alargava os braços, desolado:
- E nem uma camisa, nem uma escova, nem uma gota de água-de-colónia!... Entro em Portugal, imundo!

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