quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

OS ITINERÁRIOS DO EDUARDO


 Brilhavam nas ruas as luzinhas de Natal, há uns tempos que andava a deixar-se morrer.

Os amigos, os álcoois fortes, os cigarros atrás de cigarros, os versos de Maiakovski a dizer-lhe que nesta vida é mais fácil morrer do que viver.

Perguntava-se, perguntava aos amigos: quem encheu de vazio esta nossa vida?

O Eduardo sabia, deixou-o escrito, que «tantas vezes, neste ofício de viver, quem entra nos caminhos da morte, está a procurar o sentido da vida. Vendo bem da sobrevivência.»

Naquela noite-manhã, começara o ano de 2004, chegou-se à janela do prédio onde vivia, na Travessa do Abarracamento de Peniche, ao Príncipe Real, talvez se tenha lembrado que ainda há estelas no céu, e para lá se mandou.

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