Brilhavam nas ruas as luzinhas de Natal, há uns tempos que andava a deixar-se morrer.
Os
amigos, os álcoois fortes, os cigarros atrás de cigarros, os versos de
Maiakovski a dizer-lhe que nesta vida é mais fácil morrer do que viver.
Perguntava-se,
perguntava aos amigos: quem encheu de vazio esta nossa vida?
O Eduardo sabia, deixou-o escrito, que «tantas vezes, neste ofício de viver, quem entra nos caminhos da morte, está a procurar o sentido da vida. Vendo bem da sobrevivência.»
Naquela
noite-manhã, começara o ano de 2004, chegou-se à janela do prédio onde vivia, na
Travessa do Abarracamento de Peniche, ao Príncipe Real, talvez se tenha
lembrado que ainda há estelas no céu, e para lá se mandou.

Sem comentários:
Enviar um comentário