sábado, 22 de novembro de 2025

CASA PARA VENDER


Tantos ali viveram, que amavam

o amor, o despertar, o limpar o pó às coisas.

O poço não tem fundo nem tem lua,

os antigos moradores foram-se embora

e não levaram nada com eles.

Ao sol da véspera a hera desenvolve-se,

resta a fuligem a nódoa de café dos que se foram.

Ligo-me aos sonhos escalavrados.

Amo o sarro da alma dos outros

nestas franjas grenat misturado,

o suor dos empreendimentos que falharam.

Porteira! Compro, compro a cabana.

Se ela me aborrecer, espeto-me.

Abrirão aas janelas… Põe outra vez a tabuleta.

Um homem entre, fareja, recomeça.


AndréFrénaud

Tradução de José Fernandes Fafe

Legenda: fotografia de André Giese

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