Há 100 maneiras
de fazer bacalhau, há 100 maneiras de fazer ensopado de borrego, há 100
maneiras de fazer Sopa da Pedra.
No que à Sopa da
Pedra diz respeito, diga-se que Almeirim a designou como jóia da cidade e todos
os restaurantes a colocam na ementa. Principalmente aos sábados e domingos, é
enorme a romaria para os sabores da sopa.
Reza a lenda que
um frade bateu à porta de um lavrador e este lhe negou a esmola. Com fome, o
frade pediu licença para fazer apenas um “caldinho de pedra”. Apesar da estranheza,
o lavrador acedeu com curiosidade. E assim começou, com uma panela de água a
ferver para cozer uma pedra. Aos poucos o ardiloso frade foi sugerindo
adicionar alguns ingredientes para tornar a sopa mais deliciosa: um pouco de
azeite, de feijão, algumas couves, um naco de toucinho, outro de chouriço e de
outros enchidos. Curiosos, os donos da casa foram dando resposta aos pedidos.
Assim foram cozinhando lentamente todos os ingredientes e o cheiro adivinhava
uma bela refeição. O frade tirou um naco de pão que tinha consigo e comeu-o
regaladamente com a sopa. No fundo do tacho sobrou apenas a pedra. Foi então
que o lavrador, intrigado, perguntou: – Ó senhor frade, então a pedra? – A
pedra, lavo-a e levo-a comigo para outra vez.
Eu tenho uma
receita de sopa de feijão que pouco tem a ver com sopa da pedra. Chamo-lhe a
Sopa do Francisco porque a fiz, sem qualquer tipo de receita, tudo à maluca,
para a festa do nascimento do meu sobrinho neto Francisco.
SOPA DO FRANCISCO
Ingredientes:
Feijão vermelho
Paio do lombo
Chouriça
Farinheira
Chispe e orelha
de porco
Cebolas
Batatas
Cenouras
Nabos
Couve portuguesa
Couve lombarda
Massinha
Azeite
Preparação:
Põe-se o chispe
e a orelha a apanhar sal, no mínimo 12 horas.
Passam-se por
água, para retirar o sal, e cosem-se juntamente com o paio e a chouriça. Quando
cosidos retiram-se.
Põem-se as
cebolas, as batatas, as cenouras, os nabos, na água onde se coseram as carnes e
os enchidos. Quase no fim da cosedura junta-se o feijão. Passa-se tudo muito
bem e juntam-se as couves, a cenoura e o nabo, cortados aos bocadinhos, a
massinha, um fio de azeite e deixam-se coser.
Num tacho põe-se
água a ferver, quando estiver em ebulição, apaga-se o lume e põe-se dentro a
farinheira.
Cortam-se, em
bocadinhos, o chispe desossado, a orelha, o paio, a chouriça e juntam-se às
couves e restantes legumes, instantes antes de estarem cosidos.
Apaga-se o lume
e juntam-se alguns feijões que se reservaram. Também pedacinhos da farinheira a
que, previamente, se retirou a pele.
Normalmente,
para que não se pegue ao fundo, coso a massinha à parte e junto-a quando a sopa
estiver quase pronta.
Rectifica-se o
sal.
Descansa breves
momentos em panela tapada.
Pode-se perfumar com coentros partidos finamente.

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