quinta-feira, 6 de novembro de 2025

OLHAR FRIGIDEIRAS, TACHOS, PANELAS

Há 100 maneiras de fazer bacalhau, há 100 maneiras de fazer ensopado de borrego, há 100 maneiras de fazer Sopa da Pedra.

No que à Sopa da Pedra diz respeito, diga-se que Almeirim a designou como jóia da cidade e todos os restaurantes a colocam na ementa. Principalmente aos sábados e domingos, é enorme a romaria para os sabores da sopa.

Reza a lenda que um frade bateu à porta de um lavrador e este lhe negou a esmola. Com fome, o frade pediu licença para fazer apenas um “caldinho de pedra”. Apesar da estranheza, o lavrador acedeu com curiosidade. E assim começou, com uma panela de água a ferver para cozer uma pedra. Aos poucos o ardiloso frade foi sugerindo adicionar alguns ingredientes para tornar a sopa mais deliciosa: um pouco de azeite, de feijão, algumas couves, um naco de toucinho, outro de chouriço e de outros enchidos. Curiosos, os donos da casa foram dando resposta aos pedidos. Assim foram cozinhando lentamente todos os ingredientes e o cheiro adivinhava uma bela refeição. O frade tirou um naco de pão que tinha consigo e comeu-o regaladamente com a sopa. No fundo do tacho sobrou apenas a pedra. Foi então que o lavrador, intrigado, perguntou: – Ó senhor frade, então a pedra? – A pedra, lavo-a e levo-a comigo para outra vez.

Eu tenho uma receita de sopa de feijão que pouco tem a ver com sopa da pedra. Chamo-lhe a Sopa do Francisco porque a fiz, sem qualquer tipo de receita, tudo à maluca, para a festa do nascimento do meu sobrinho neto Francisco.

                                                    SOPA DO FRANCISCO

Ingredientes:

Feijão vermelho

Paio do lombo

Chouriça

Farinheira

Chispe e orelha de porco

Cebolas

Batatas

Cenouras

Nabos

Couve portuguesa

Couve lombarda

Massinha

Azeite

Preparação:

Põe-se o chispe e a orelha a apanhar sal, no mínimo 12 horas.

Passam-se por água, para retirar o sal, e cosem-se juntamente com o paio e a chouriça. Quando cosidos retiram-se.

Põem-se as cebolas, as batatas, as cenouras, os nabos, na água onde se coseram as carnes e os enchidos. Quase no fim da cosedura junta-se o feijão. Passa-se tudo muito bem e juntam-se as couves, a cenoura e o nabo, cortados aos bocadinhos, a massinha, um fio de azeite e deixam-se coser.

Num tacho põe-se água a ferver, quando estiver em ebulição, apaga-se o lume e põe-se dentro a farinheira.

Cortam-se, em bocadinhos, o chispe desossado, a orelha, o paio, a chouriça e juntam-se às couves e restantes legumes, instantes antes de estarem cosidos.

Apaga-se o lume e juntam-se alguns feijões que se reservaram. Também pedacinhos da farinheira a que, previamente, se retirou a pele.

Normalmente, para que não se pegue ao fundo, coso a massinha à parte e junto-a quando a sopa estiver quase pronta.

Rectifica-se o sal.

Descansa breves momentos em panela tapada.

Pode-se perfumar com coentros partidos finamente.

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