segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

COISAS EXTINTAS OU EM VIAS DE...

Sou do tempo em que era proibido pisar a relva dos jardins, jogar à bola na rua, mas havia outras possíveis e diversas brincadeiras.

Um tempo em que as avós, as mães diziam aos gaiatos: «vai brincar lá para fora». Agora ficam em casa agarrados a um telemóvel a fazer jogos, a ver e ouvir o que, por vezes, não se sabe o quê.

José Saramago em As Pequenas Memórias:

«Então digo à minha avó: «Avó, vou dar por aí uma volta.» Ela diz «Vai, vai, mas não me recomenda que tenha cuidado.»

Nos dias de férias de Natal, Carnaval, Páscoa, que passava em casa da minha avó paterna, na Rua da Senhora do Monte, saía porta fora e percorria as ruas da Graça, olhava o abundante comércio local, lembro uma pequeníssima tipografia, compunha folhetos para festas e bailes, cartões-de-visita, e ficava por ali a ver as máquinas, aqueles trabalhos, conheci a Vila Berta, a Vila Sousa, perdia largos tempos no Miradouro junto à igreja da Graça, hoje Jardim Sophia de Mello Breyner Andresen, ou no Miradouro da Senhora do Monte, a olhar a cidade.

Ainda Saramago: «Nesse tempo os adultos tinham mais confiança nos pequenos a quem educavam.»

Algo que os miúdos de hoje não sentem: saudades de brincar na rua.

1 comentário: