domingo, 5 de abril de 2015

OLHAR AS CAPAS


O Existencialismo É Um Humanismo
Jean-Paul Sartre
Vergílio Ferreira

Tradução e notas de Vergílio Ferreira
Editorial Presença, Lisboa, Novembro de 1964


Do alto porém, de uma vida que já apela para um balanço, de uma obra que, se a não olharmos, a sentimos todavia como um olhar, o que de Sartre nos fala não é só o que nos fala, mas ainda o que há palavra se recusa, o silêncio que dela sobra e onde se nos instala a admiração comovida. Eis aí o «autor escandaloso» e que é o homem, diz Ponty, o «’menos provocante». Eis aí o escritor «sujo» e o homem de uma conduta moral invulgar, talvez o «santo» de que nos fala C. Rochefort. Eis o agitador, o mestre da «devassidão» e o trabalhador monstruoso de uma esmagadora, o austero pensador de um rigor que é quase rigorismo. Por sobre o amontoado legendário do equívoco, do anedótico, das fáceis interpretações, dos magazines, das esquinas do ócio, do fumo dos cafés, um homem levanta-se e a História reconhece-o. Desse tentámos falar. A esse admiramos e respeitamos.

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