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Antigamente Lisboa, em Agosto, era um deserto. Agora está como sempre.
Uma mão chega, e sobra, para contar as vezes que, em Agosto, tirei férias. Setembro quase sempre, Julho algumas vezes.
Os cinemas faziam ciclos de “reprise”, nos restaurantes não havia necessidade de prévia marcação, percorriam-se mais uns passos para encontrar um quiosque de jornais aberto, mas andar, dizem os cardiologistas, faz bem à saúde. Andava-se pela cidade como por uma pacata aldeia do país, sem tropeções nem encontrões, o sol e a claridade das manhãs lisboetas, as livrarias, sem fala-baratos, tinham um ar de recolhimento que permitiam um olhar mais demorado pelos escaparates, um mais longo passar de olhos pelas páginas dos livros.
Mas agora é como nos outros meses. As dívidas das famílias obriga-as à não possibilidade de saírem para onde quer que seja, outros repartem as férias ao longo do ano.
Os Agostos de Lisboa não têm nada a ver com os Agostos de outrora.
Quando Ramalho Ortigão viajando pelas termas e praias de Portugal escrevia a Eça de Queiroz dando conta da frescura, do silêncio dos sítios por onde passava e o Eça, com uma ponta de inveja, a dizer-lhe meu caro, nada que chegue à sombra de um quarteirão de Lisboa.
Legenda: Imagem encontrada aqui.
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