domingo, 1 de agosto de 2010

ESCREVER: UM ACTO SOLITÁRIO


Exemplar do nº 43, da revista “Ler”, referente ao Verão/Outono de 1998 , e em que o "Círculo de Leitores" saúda José Saramago pelo Prémio Nobel da Literatura.

Francisco José Viegas assina o prefácio, e a abrir escreve:

“Antes de mais: este prémio é para Saramago. Não é um prémio para a literatura portuguesa. Convém reafirmá-lo: é para José Saramago, para o autor de “Memorial do Convento”, “Levantado do Chão”, “Viagem a Portugal”, “O Ano da Morte de Ricardo Reis”, “O Evangelho Segundo Jesus Cristo”, “Ensaio sobre a Cegueira”, ou “Todos os Nomes”. O trabalho de um escritor é um acto solitário. Nele se defrontam os demónios pessoais, a fé e a falta de fé, o destino individual e o mundo que passa pelas suas páginas.”

As primeiras páginas da “Ler”, são preenchidas com fotografias de José Saramago e afirmações suas em entrevistas, e publicadas em diversos órgãos de comunicação. Assim:


“Eu sei que aquilo que eu escrevo já foi escrito antes, como tudo o que hoje fazemos, salvo raras excepções, já foi feito há muito tempo, antes de nós. Tudo é assim na vida, na literatura tambén"– “Ler”, 1989

“Sou favorecido porque tive uma espécie de adolescência prolongada. Entrei pela vida adulta como se tivesse conservado um ar de adolescente. Isso traduz-se, também, numa certa forma de olhar. Olho as coisas como se os meus olhos não estivessem habituados a isso.” – “Ler”, 1989

“Para se ser ateu como eu sou, deve ser preciso um alto grau de religiosidade. Pode pensar-se que, como não crente, não tenho direito nenhum de me apaixonar por uma figura como a de Jesus Cristo. Não estou de acordo. Qualquer escritor, todo o escritor, deveria, um dia confrontar-se com a figura de Jesus Cristo.” – “Ler”, 1991

“Quais são os meus autores preferidos? Montaigne, Cervantes, o Padre António Vieira, Gogol e Kafka”
– “ABC”. 1998


“Quero recordar que se tivesse morrido aos sessenta anos, não tinha escrito nada. Quero que os jovens saibam que nós, velhos, estamos aqui para trabalhar.” – “El País”, 1998

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