quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

AS ENTREVISTAS DO PACHECO


Há quem seja de opinião que o sucesso com as entrevistas do Luiz Pacheco começou com uma entrevista, conduzida por Rui Zink e Carlos Quevedo, publicada na revista Kapa, em Julho de 1992.

João Pedro George, no prefácio a O Crocodilo que Voa, escreve que esta entrevista «deu um novo fôlego à imagem pública de Pacheco. A comoção que essa entrevista foi tanta ou tão pouca, que o jornal Se7e estimou-a, na área da cultura, como ‘um dos acontecimentos do ano de 1992.»

Pacheco tem opinião contrária.

Na entrevista que lhe fez, João Pedro George diz-lhe que ele «continua muito requisitado para entrevistas.»

Pacheco respondeu-lhe:

«Ó pá, isso começou com a entrevista do Expresso, feita por aquela maluca, a Clara Ferreira Aves, e pelo outro mangas, o Torcato Sepúlveda, que assinou com outro nome… porque esses gajos é assim; quando um gajo lhe dá uma entrevista cai-nos tudo em cima. Eles não vão pedir entrevistas ao Cesariny porque sabem que ele não liga… Agora, eu já tenho um balanço, um pé muito bem calçado de entrevistas e as perguntas são sempre as mesmas… eles têm lá no ficheiro… antes de virem falar comigo eles não vão ler as minhas obras completas… nem as encontravam… De entrevista em entrevista é a mesma chapa, vêm com perguntas de chapa. É como o outro: «o que você pensa da juventude de hoje?» Eu não penso nada, eu nem conheço os meus filhos…» 

O facto é que não houve jornalista careta, de jornais, revistas, televisões, que não fosse entrevistar Pacheco, o maldito, depois de toda uma vida o terem ignorado.

De repente descobriram o filão.

E o Pacheco não se fez rogado e distribuiu bordoada, alguma de criar bicho.

Felizmente que, para memória futura, a maio parte das entrevistas que o Pacheco deu, se encontram reunidas em livros.

A saber:

Em Novembro de 1992, Luiz Pacheco, publica na Contraponto, O Uivo do Coiote, a entrevista que concedera a Baptista-Bastos, Novembro de 1995, e publicada no JL nº 174.

Em Fevereiro de 1997, novamente, na Contraponto, novamente O Uivo do Coiote, e com um interessantíssimo prefácio do jornalista Acácio Barradas.
Aqui publica a entrevista, que deu a Clara Ferreira Alves e João Macedo publicada no Expresso, Junho de 1988, a que deu a  António Tavares-Teles, publicada em  A Capital, Outubro de 1988, a que deu a Carlos Quevedo e Rui Zink, publicada na Kapa, Julho 1992 e repete a que dera a Baptista-Bastos e publicada no JL.

João Pedro George em O Crocodilo que Voa antologia outras entrevistas e repete a que foi dada à Kapa.

Legenda: anúncio de página inteira do semanário Sol, após a morte de Luiz Pacheco, e publicado no Público de 11 de Janeiro de 2008, após a morte de Luiz Pacheco.

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