Há quem seja de
opinião que o sucesso com as entrevistas do Luiz Pacheco começou com uma
entrevista, conduzida por Rui Zink e Carlos Quevedo, publicada na revista Kapa,
em Julho de 1992.
João Pedro
George, no prefácio a O Crocodilo que Voa, escreve que esta entrevista «deu
um novo fôlego à imagem pública de Pacheco. A comoção que essa entrevista foi
tanta ou tão pouca, que o jornal Se7e estimou-a, na área da cultura, como ‘um
dos acontecimentos do ano de 1992.»
Pacheco tem
opinião contrária.
Na entrevista
que lhe fez, João Pedro George diz-lhe que ele «continua muito requisitado para
entrevistas.»
Pacheco
respondeu-lhe:
«Ó pá, isso começou com a entrevista do Expresso,
feita por aquela maluca, a Clara Ferreira Aves, e pelo outro mangas, o Torcato
Sepúlveda, que assinou com outro nome… porque esses gajos é assim; quando um
gajo lhe dá uma entrevista cai-nos tudo em cima. Eles não vão pedir entrevistas
ao Cesariny porque sabem que ele não liga… Agora, eu já tenho um balanço, um pé
muito bem calçado de entrevistas e as perguntas são sempre as mesmas… eles têm
lá no ficheiro… antes de virem falar comigo eles não vão ler as minhas obras
completas… nem as encontravam… De entrevista em entrevista é a mesma chapa, vêm
com perguntas de chapa. É como o outro: «o que você pensa da juventude de
hoje?» Eu não penso nada, eu nem conheço os meus filhos…»
O facto é que
não houve jornalista careta, de jornais, revistas, televisões, que não fosse
entrevistar Pacheco, o maldito, depois de toda uma vida o terem ignorado.
De repente
descobriram o filão.
E o Pacheco não
se fez rogado e distribuiu bordoada, alguma de criar bicho.
Felizmente que,
para memória futura, a maio parte das entrevistas que o Pacheco deu, se
encontram reunidas em livros.
A saber:
Em Novembro de
1992, Luiz Pacheco, publica na Contraponto, O Uivo do Coiote, a
entrevista que concedera a Baptista-Bastos, Novembro de 1995, e publicada no JL
nº 174.
Em Fevereiro de
1997, novamente, na Contraponto, novamente O Uivo do Coiote, e com um interessantíssimo
prefácio do jornalista Acácio Barradas.
Aqui publica a
entrevista, que deu a Clara Ferreira Alves e João Macedo publicada no Expresso,
Junho de 1988, a que deu a António
Tavares-Teles, publicada em A Capital,
Outubro de 1988, a que deu a Carlos Quevedo e Rui Zink, publicada na Kapa,
Julho 1992 e repete a que dera a Baptista-Bastos e publicada no JL.
João Pedro
George em O Crocodilo que Voa antologia outras entrevistas e repete a
que foi dada à Kapa.
Legenda: anúncio
de página inteira do semanário Sol, após a morte de Luiz Pacheco, e
publicado no Público de 11 de Janeiro de 2008, após a morte de Luiz
Pacheco.
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