sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

OLHAR AS CAPAS


Crónicas e Discursos

António Borges Coelho

Capa: Rui Garrido

Editorial Caminho, Lisboa, Abril de 2024

Do saco sem fundo das palavras retirei Amizade e Esperança.

A Amizade vive do idêntico e do contrário, sustenta a claridade dos dias. A qualquer momento, perto ou longe, liga a mem´ria e os afectos. Povoa a solidão. Fortalece. Suspensos pelos seus laços conseguimos saltar sobre o fundo dos abismos.

Mas a esperança? Dourava as diferentes bandeiras que muitos da minha geração desfraldaram.

Mas, hoje, em quê? Na resolução da crise financeira? Na última sondagem? No euromilhões? Em Nossa Senhora de Fátima?

A esperança de que falo vê e inventa mulheres e homens que anonimamente acendem a alegria nos gestos quotidianos mais simples, na voz humana, nas mãos jovens ou nodosas, brancas, negras ou amarelas que se apertam. As segregações explodem, mas somos casa vez mais mestiços, mais humanos. A Esperança de que falo desemboca em multidões na rua larga em defesa da dignidade e das liberdades conquistadas em séculos de invenção, de luta, e de sangue. A esperança de que falo amanhece com um sorriso nos lábios.

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