terça-feira, 12 de maio de 2015

OLHAR AS CAPAS


As Raparigas de Sanfrediano

Vasco Pratolini
Tradução de João Terra
Capa de Bernardo Marques
Colecção Miniatura nº 66
Livros do Brasil, Lisboa, s/d

Sanfrediano é a pequena república das trabalhadoras ao domicílio: são manipuladoras de palha, costureiras de alfaiate, engomadeiras, palheireiras de cadeiras, que da sua fadiga, nas horas roubadas aos cuidados da casa, tiram o complemento de que necessita uma família, quase sempre numerosa, à qual o trabalho do chefe fornece, quando fornece, o pão e o conduto.
Esta gente de Sanfrediano, que representa a parte mais plebeia e mais vivaz dos florentinos, é a única que conserva autêntico o espírito de um povo que até da própria grosseria soube tirar graça e do seu génio, de verdade, uma perpétua impertinência. Os sanfredianos são sentimentais e cruéis ao mesmo tempo; a sua ideia de justiça é figurada pelas vestes do inimigo penduradas num candeeiro; e a sua imagem do paraíso, exemplificada num provérbio, é poética e vulgar: um lugar utópico onde há abundância de milho e penúria de aves.

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