sábado, 2 de dezembro de 2017

ENTÃO, É NATAL


Os Pequenos Cadernos estão cheios de textos e citações de e sobre o Natal.
Começo com um interessante texto de António Bagão Félix, publicado no Público de 19 de Dezembro do ano passado, sobre o lamento de as pessoas já não mandarem cartões de Boas Festas aos familiares e aos amigos.
Eu hei-de de manter sempre essa tradição, que tanto prazer me dá.

A tecnologia permitiu, neste século, substituir os tradicionais cartões de boas festas por um bater frio de uma qualquer tecla, apagado com a singeleza de uma outra. É barato, é amigo do ambiente e facilita a selecção na resposta.
Acontece que, em vez da tradicional caixa de correio repleta, surgiu, em movimento uniformemente acelerado, a praga dos emails festivos, mecanicamente enviados, e extraídos de uma lista de amigos, indiferentes, desconhecidos e desavindos, com tratamento igualitário independente do destinatário.
A isso se juntou outra praga: a das mensagens escritas, vulgo SMS, que, sobretudo no dia 24, entopem os telemóveis e saturam as cabeças. Entre a catadupa que nos chega há de tudo. Por exemplo, os que nem sequer disfarçam ser mandados sem critério para uma massa informe de destinatários, os que se permitem enviar para “damas e cavalheiros” ou “car@ amig@, fazendo da arroba@ um símbolo assexuado em termos gramaticais, com “beijos e abraços” ou “abreijos”, os que têm longas dissertações aparvalhadas ou kitsch sobre o Natal e Ano Novo, os que trazem água no bico quanto a um favorzinho a pedir no próximo futuro, os que, na pretensão de inovar nas palavras gastas, fazem textos em que a emenda é pior do que o soneto.
Enfim, tratamentos de massa, cumprimentos de circunstância, anonimato de relação, eis tudo o que o Natal não é.
Por isso, uma súplica virtual: por favor, servidores de todo o mundo, uni-vos e façam greve!
Não escrevo cartões e evito emails e SMS. E agradeço que me tirem de listas de destinatários. Prefiro falar com as pessoas que me interessam, e assim, as reencontrar, que esse é um sinal do que o Natal é.
Sou católico. Mas confesso que tenho que fazer um enorme esforço para encontrar ou descobrir uns momentos de quietude, espiritualidade e paz de espírito para sentir o Natal em que acredito. Para sentir o Natal e não apenas passar por ele. Porque o que me é quase imposto é um abastardamento soez do aniversário do nascimento do Menino.

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