domingo, 16 de maio de 2010

16 DE MAIO DE 1978


Uma terça-feira, o dia em que a Sara nasceu,

O governo PS/PSD, chefiado por Mário Soares, concluíra um acordo com o FMI.

O MES, em comunicado, dizia que “a chamada carta de intenções, assinada pelo governo, mais não é do que uma cautela de penhor da independência económica e política de Portugal.”

Pelo seu lado o PCP recordava que vinha a reclamar insistentemente, “sérias correcções à política do governo", propunha um bloco democrático e adiantava:


“Com o pretexto de saída da crise, o Governo, ao mesmo tempo que continua a fazer escandalosas concessões aos grandes capitalistas, exige sacrifícios incomportáveis aos trabalhadores e ao povo em geral. O aumento do custo de vida condena grande parte da população à miséria.
Os acordos com o FMI significam uma capitulação ante o imperialismo e a adopção de uma política completamente contrária àquela que seria necessário para sair da crise..”


Mas os jornais deste dia não deixavam de referir, como um golpe duro, uma outra notícia: o Presidente da República Ramalho Eanes fazia anunciar que tinha autorizado o regresso a Portugal de de Américo Thomaz, presidente fantoche dos governos de Salazar e Caetano.


A União de Resistentes Antifascistas Portugueses, em comunicado denunciava:

“Para os portugueses que viram os seus direitos mais elementares banidos durante dezenas de anos pelo regime a que Américo Tomás presidiu, a presente decisão só pode ser considerada como um grave atentado aos ideias do 25 de Abril e a Democracia Portuguesa".

Ficava também a saber-se que a “Carta Aberta” iria dar origem, em Junho, a uma nova central sindical – a "UGT":


A criação de um sindicato agrícola, no nordeste transmontano era considerada uma “prova de coragem”.

Mais três pides eram postos em liberdade.


“Se os agentes da PIDE/DGS se limitassem a pôr carimbos nos passaportes, já há muito se teria dado o 25 de Abril, que não seria de 74, mas talvez de 54", afirmou o acusador publico numa sessão do julgamento.

Após um ano de interregno, a Companhia "Teatro Estúdio de Lisboa", regressava ao "Teatro Vasco Santana", com uma montagem de textos de Raul Brandão, organizada e encenada por Luzia Maria Martins.

Também se ficava a saber que, à 22ª jornada do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, faltavam
77$50 para que o Benfica atingisse os 13 mil contos de receitas

Segundo o “Record” diversos associados benfiquistas estavam dispostos a solicitar uma assembleia geral, para ser autorizada a contratação de futebolistas estrangeiros pelo clube.

O 1º programa da RTP iniciava a sua emissão às 18,25 com o "Telejornal" e às 23,05, após outro "Telejornal" encerrava a emissão.. Depois do "Telejornal" das 20,00 horas transmitia-se mais um episódio da novela brasileira “O Casarão”

O 2º programa da RTP começava às 19,00 com “Ano Propedêutico”, aulas de inglês, filosofia, matemática, francês, alemão, geografia e grego.


As 22,00 horas , transmitia-se o "Telejornal" e, logo a seguir, era exibido mais uma episódio da telenovela brasileira “Escrava Isaura”

No “Diário Popular", como publicidade paga, sabia-se que o cinema "Paris" ainda existia e apresentava uma semana de Cinema Indiano.

No mesmo jornal,publicava-se, "Tablóides", a coluna semanal de José Rodrigues Migueis,:

“Quando alguns homens insconcientemente guiados por um secreto pendor suicida se apoderam do governo, a nação entra, sem o saber também, nas vias de autodestruição. A nossa história está cheia de exemplos disso, sendo o maior de todos Sebastião de Alcácer Quibir. Há cerca de vinte anos, já uma autoiridade classificou Portugal como “nação de tendências suicidas.”

O Boletim Meteorológico previa para o dia seguinte “céu muito nublado, vento geralmente fraco, possibilidades de aguaceiros, condições favoráveis à ocorrência de trovoadas nas regiões do Norte e do Centro, neblina ou nevoeiros matinais" 


Os jornais diários custavam 7$50.

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