domingo, 29 de julho de 2012

PEDRO RAMOS DE ALMEIDA (1932-2012)


Quando cheguei à Universidade de Lisboa Pedro Ramos de Almeida, militante do PCP, era um mito da luta anti-fascista. Preso em 1954 fora libertado em 1960 e trabalhara para a eleição da lista de Jorge Sampaio para a Associação de Direito. Todos me falavam dele, do seu comportamento digno na PIDE, do brilhantismo dos exames que fizera mesmo preso, da sua inteligência, e até do seu pendor sectário. Seria o mais parecido da nova geração com Álvaro Cunhal, e muitos previam que lhe sucederia.
Só o conheci melhor anos mais tarde. Fugazmente na Suíça, com mais tempo depois do 25 de Abril, e do seu desastre de viação, na pastelaria Alsaciana onde coincidíamos a tomar café. Falámos então longamente do rumo da sociedade portuguesa. Não era fácil concordar com ele mas era sempre enriquecedor e estimulante ouvi-lo.

José Medeiros Ferreira, Córtex & Frontal

2 comentários:

ié-ié disse...

Não há uma história estranha do regresso dele em 68? Lembro-me que quando entrou no anfiteatro do 5º ano de Direito foi muito mal recebido! Dizia-se que tinha negociado o regresso com Marcelo Caetano.

LT

sammy,o paquete disse...

Não conheci, pessoalmente, Pedro Ramos de Almeida.
Dele tenho apenas um livro seu, "Dicionário Político de Mário Soares", livro que na altura da sua publicação (1985), foi, por motivos óbvios, silenciado e hoje encontra-se injustamente esquecido mas trata-se de uma obra fulcral para se perceber a errância política de Mário Soares.
Quem conheceu Pedro Ramos de Almeida, fala de um intelectual de primeira água, um homem íntegro.
Quanto à história de 1968 não tenho dela conhecimento. Aliás a "chamada "primavera marcelista" está cheia de regressos negociados. D. António, Bispo do Porto, por exemplo.
Uns aconteceram mesmo outros, por vezes, são meramente especulativos.