Os Militares e o Poder
Eduardo Lourenço
Capa: Vítor
Santos
Editora Arcádia,
Lisboa, Novembro de 1975
Temos de ajustar-nos ao que realmente somos e podemos
para partir daí construirmos um Portugal
possível e não uma quimera. O que somos é considerável e nada desprezível, como
nos grandes momentos de realismo e unanimismo pátrio provámos. E o que podemos,
se soubermos adequar os meios de que dispomos à invenção do país possível,
permite a esperança de dominar o desafio incomum que a situação actual e a
nossa aposta histórica requerem. Mas é perfeitamente inócuo e nocivo recriar
sob outra roupagem novos «orgulhosamente sós» ou exaltar-se com o pavor suposto
ou efectivo que inspiramos neste momento a um «certo mundo» como demagogos em
delírio o apregoam. Somos um povo nu, mas adulto. Todas as esperanças nos são
consentidas se como adultos nos comportarmos. Todas as decepções, se não
resistimos ao pendor lusitano de nos supormos já maravilhosamente vestidos com
«a palavra» Socialismo.
Sem comentários:
Enviar um comentário