segunda-feira, 4 de maio de 2015

OLHAR AS CAPAS


Os Militares e o Poder

Eduardo Lourenço
Capa: Vítor Santos
Editora Arcádia, Lisboa, Novembro de 1975


Temos de ajustar-nos ao que realmente somos e podemos para  partir daí construirmos um Portugal possível e não uma quimera. O que somos é considerável e nada desprezível, como nos grandes momentos de realismo e unanimismo pátrio provámos. E o que podemos, se soubermos adequar os meios de que dispomos à invenção do país possível, permite a esperança de dominar o desafio incomum que a situação actual e a nossa aposta histórica requerem. Mas é perfeitamente inócuo e nocivo recriar sob outra roupagem novos «orgulhosamente sós» ou exaltar-se com o pavor suposto ou efectivo que inspiramos neste momento a um «certo mundo» como demagogos em delírio o apregoam. Somos um povo nu, mas adulto. Todas as esperanças nos são consentidas se como adultos nos comportarmos. Todas as decepções, se não resistimos ao pendor lusitano de nos supormos já maravilhosamente vestidos com «a palavra» Socialismo.

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