segunda-feira, 4 de maio de 2015

OS IDOS DE MAIO DE 1975


 4 de Maio de 1975

Ainda tendo como pano de fundo os incidentes verificados no Comício do 1º de Maio, Mário Soares e Salgado Zenha, são recebidos pelo Presidente Costa Gomes, pelo Primeiro-Ministro Vasco Gonçalves e o PS convocou a sua primeira manifestação de rua, em protesto contra os incidentes.
Algumas das palavras de ordem dizem que Central Sindical só por via eleitoral e É preciso respeitar a vontade popular.
Juntam-se à manifestação militantes do PPD, da AOC e do PCP (ml).
A manifestação termina na sede do PS, em S. Pedro de Alcântara, e ao passar pelo edifício do Diário de Notícias na Avenida da Liberdade, ouviram-se apupos e gritos de Informação sim, Aldrabice não, e Socialismo sim, Ditadura não.
O PCP fala em manobras para perturbar o carácter unitário das comemorações do 1º de Maio e pôr em causa a Intersindical Nacional.
A FSP, pelo seu lado diz que o PS arvora-se em vítima dos acontecimentos que provocou, enquanto o MÊS lembra que o PS pode ter tido muitos votos nas urnas burguesas mas nada tem a ver com a luta sindical.
O PPD intervém na polémica lamentado que, apesar de todos os esforços, a Intersindical não tenha convidado o partido a estar presente no comício do 1º de Maio.
Do alto da varanda da sede do PS, Mário Soares gritou à multidão:
É tempo de dizer basta. O Partido Socialista não permitirá que se instale neste país uma nova ditadura, ainda que em nome de revolução-
Devido a um conflito entre redactores e tipógrafos, o jornal República não saiu ontem.
De um artigo de opinião, assinado por Armando Pereira da Silva, no Diário de Lisboa:
A actividade sindical dos trabalhadores deve sere neutra politicamente, mas a sua luta unitária é uma luta política. É a luta pela transformação radical da sociedade portuguesa: A sua vigilância e sentido da história são fundamentais. O objectivo a atingir é claro enão permite divisões. É preciso que os trabalhadores, vanguarda da revolução, saibam segregar os seus inimigos enquanto é tempo. Caso contrário, nunca mais arrancarão o poder de quem os explora.

Fontes:
- Acervo pessoal;
Os Dias Loucos do PREC de Adelino Gomes e José Pedro Castanheira.

Legenda. Mário Soares discursando na varanda da sede no Partido Socialista. Fotografia tirada de Os Dias Loucos do PREC 

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