sábado, 30 de setembro de 2017

OLHAR AS CAPAS



Poesia 71

Selecção de Fiama Hasse Pais Brandão e Egito Gonçalves
Capa: Armando Alves
Editorial Inova, Porto, Junho de 1972

Dois Poemas

I

Nem sei estimar das tuas vestes sem costura
o fito e a alba
ou louvor da tala dos instantes
um só vermelho.
pelas moradas ledas e subtis
à passagem dos castos e escolhidos
                                                                    sustenidos
dos lidos
nada soube
que mais que o sáurio verde não prossiga.
Nem escolhido é o signo por lavrado
Entre a testa e o chão
No húmido verdor dalguma víscera.
Se casas são plantadas com perícia
e arrematados autos lautos
louvados por tão cautos
seja a lhaneza desta a palha da debulha
o verde devolvido em amarelo.
É que não sei dos nomes com firmeza
mais que o início quedo e boçal talo
nem companhia posso ou artefactos
que o langor da lagarta não assista
que não consinta o emergir dos catos.

II

No entretanto do tempo é que o verde resiste
o interstício manso a prova do contínuo
que quebra o passo e mais que o acrescenta
o assegura; se a roda começou
e do metal a terra é estreita         diminui
e de redonda à recta se afeiçoa
pelo verde o sabemos      no intervalo
dum ponto a outro ponto
do recado
da boca a outra boca   da fissura
entre o nome e o feito vertical.
No caule o facto osso e a semente
no espaço a obra de metal e a folha crua.


(Poemas de Maia Velho da Costa publicados no suplemento «Literatura e Arte» de A Capital)

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