sábado, 28 de agosto de 2021

PICA-NO-CHÃO


Lembrança de uns pica-no-chão comidos, numa típica tasca, ali para os lados da Maia.

O Magalhães é que nos encaminhou os passos.

Pipos de verde tinto ao alto, branco também, mesas corridas, lareira acesa a um canto.

Por cima da lareira, inscrito a azul, em azulejo branco, este versejar:

Vizinhos ao pé da porta,

Quando não sejam leias,

Bom dia uma vez por dia,

Já são conversas de mais.

O Magalhães telefonava para o Costa, o dono do tasco:

Somos nove!

A mulher do Costa ia ao quintal, nas traseiras, e filava um galo.

E zás!

As mais saborosas cabidelas que me passaram pelo estreito, foram naquele tasco na Maia, apenas conhecido por quem se está borrifando para o amesentar à la gourmet.

 O pica-no-chão, assim contado às criancinhas, em prosa pública, pelo saudoso David Lopes Ramos:

«Galo de pé descalço ou pica-no-chão é a designação que, em tempos recentes, no Minho, se começou a dar ao galináceo adulto, criado ao ar livre e à solta, alimentando-se do que encontra na natureza, bem como do milho e hortaliças que lhe dão. Na dieta dos galos pé descalço ou pica-no-chão estão proibidas as farinhas de peixe e aparentadas, bem como vitaminas, antibióticos e outras malfeitorias.

Um galo de pé descalço, adulto tem sempre mais de seis meses, por vezes ultrapassa o ano ou mais e é matéria-prima essencial na confecção do arroz de cabidela de Entre Douro e Minho, sendo também muito bom assado no forno ou guisado lentamente em vinho, pode ser tinto, e outros temperos e condimentos.»


Legenda: não foi possível identificar o autor/origem da fotografia.

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