quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

CANÇÔES PARA O MEU PAI


O meu pai gostava das canções do Simon and Garfunkel.

Quando íamos ao cinema, tínhamos preferência pelo Apolo 70, pela projecção, o som, a comodidade da sala e dava para petiscar no «snack», e sempre com um salto à livraria e à discoteca.

Numa dessas idas, tinha acabado de sair um «Best do Art Garfunkel» e o meu pai não hesitou: comprou-o de imediato.

Acabou por se apaixonar por «Bright Eyes» que não conhecia.


Logicamente «Bright Eyes» teria de entrar numa das cassettes que lhe fui gravando.


Por «Bright Eyes», há uma passagem deliciosa no «Alta Fidelidade» de Nick Hornby:

 - Não és mesmo capaz de ver a diferença entre «Bright Eyes» e «Got To Get You Off My Mind»?
- Claro que sou. Uma é acerca de coelhos e a outra tem uma banda de metais a tocá-la.
- Qual banda de metais. É uma secção de instrumentos de sopro. Porra!
- Seja lá o que for. Eu percebo porque preferes o Solomon ao Art. Eu compreendo, a sério. E se me pedissem para dizer qualquer era o melhor dos dois escolhia o Solomon sem hesitar. É genuíno, e negro, e lendário, e essas coisas todas. Mas gosto de «Brighr Eyes». Acho que tem uma melodia bonita, e além disso, estou.me nas tintas. Há tantas outras coisas para nos preocuparmos. Bem sei que pareço a tua mãe a falar, mas isto são apenas discos de música pop, e quem é que se importa realmente que um seja melhor do que o outro, tirando tu e o Barry e o Dick? Para mim, é como discutir a diferença entre o McDonalds e o Burger King. Tenho a certeza que há-de haver uma diferença, mas quem é que vai ralar-se a descobrir qual é?

A canção do Solomon Burke não entrou em nenhuma cassette para o meu pai, fugia um tanto ou quanto aos seus padrões de gosto musical.

Mas é mesmo uma grande canção.

Fica aqui, por mera curiosidade.


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