segunda-feira, 6 de setembro de 2021

OS ITINERÁRIOS DO EDUARDO


Aquele livrinho de capa vermelha editado pela Ulmeiro. 

Custou-lhe 25 escudos, qualquer coisa como 0,125 euros. Dá para sorrir, agora, mas naquele ano de 1970, não era fácil o sorriso…

Irá pegar em alguns poemas e textos do Eduardo e chamar-lhe-á Os Itinerários do Eduardo.

Há um poema do Eduardo Guerra Carneiro, no É Assim Que Se Faz a História, onde se pode ler:

Talvez não me encontrem num jardim nocturno da Europa e seja visto em granjas, arrozais, plantações de cana, no Maghreb, no último andar do Empire State Building, morrendo de amor como o King Kong.

Morrer de amor como o King Kong.

Até ler o poema do Eduardo, nunca vira o filme de Meriam C. Cooper.

Apanhei-o tempos depois numa sessão da meia-noite no Cinearte, meados de 1973, depois de umas bifanas e umas largas imperiais nos Caracóis da Esperança.

Uma sala cheia para ver o filme. Gente que vibrava de uma maneira única. Quem não assistiu a sessões destas, não tem a total noção do que é ver cinema.

 Já não há sessões da meia-noite como estas e duvido que, nos dias de hoje, uma sala enchesse, mesmo num outro qualquer horário, para ver King Kong, mesmo que esteja considerado, pelo American Film Institute, como um dos melhores cem filmes de sempre.

A heroína do filme era a actriz Fay Wray.

Apesar de ter participado em mais de uma centena de filmes, foi a sua criação de loura, por quem um macaco gigante se apaixona, que a tornou famosa. E será sempre a imagem da jovem desfalecida na mão de um macaco gigante, no alto do Empire State Building  a ser atacado  por aviões.

Sim, morrer de amor como o King Kong.

Ir ver um filme por causa de um poema.

Isto Anda Tudo Ligado, já lá dizia o velho.

E dizia bem.

1 comentário:

Seve disse...

O que agora é fino é ver a Netflix...