Poesia VI
José Gomes Ferreira
Capa: Dorindo de carvalho
Diabril Editora, Lisboa, Fevereiro de 1976
(Em frente
construía-se um prédio. Hora do
Almoço dos
operários.)
De ouvido na terra, o homem dorme a sesta
perto da fogueira do almoço sob
a cal do andaime.
Escuta outra labareda longe, talvez onde se ocultam
os sonhos dos alçapões dos dias.
Crepita devagar na cal da Terra
que constrói as cidades e devora os segredos dos mortos e das minas
Então começou a chover de propósito para apagar a fogueira do almoço
enquanto o terror do lume subterrâneo se aproxima.
Não durmas, homem. Acorda!
Prepara-te para erguer um mundo de fogo
e não catedrais de cinza.
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