No Ié-Ié, um dos blogues mais abrangentes da blogosfera lusa, veio a talhe de foice a
canção irlandesa “Kilkelly”, uma belíssima canção e uma capa não menos bonita.
Nos comentários
o Luís Miguel Mira deixou escrito que oferecera este disco ao Mário.
O Mário não tem
gira-discos e o disco ficou por aqui.
Como diria o
Capitão Fernandes: «em boas mãos.»
Reproduz-se a
capa do disco e, com a devida vénia, transcreve-se um excerto do que, no IéIé, se escreveu sobre “Kilkelly”:
"Kilkelly" é uma canção triste que retrata
os efeitos da fome, da pobreza e a emigração duma família irlandesa. No
entanto, o seu apelo universal vem do facto de que esta poderia ser a saga de
milhares e milhares de outras famílias na última parte do século XIX.
No rescaldo da pior fome na História da Irlanda, num
panorama de um horror inimaginável e conduzida por uma tempestade de medos e
esperanças incertas, um vasto número de Irlandeses corria para os portos e
navios em busca do sonho Americano. O desespero da separação. Na noite antes da
partida, a família e os amigos reuniam-se para a “vigília Americana” ou o
“acordar vivo”.
Era o desalento em todos os sentidos da palavra, pois
naquela época havia pouca diferença entre o ir para a sepultura ou ir para a
América.
O momento doloroso da partida, a ladainha das bênçãos
e dos bons desejos, reprimidas tristezas e angustias, um espectáculo de rasgar
o coração, pois sabiam que o que lhes restaria era para sempre viver separados.
130 anos depois, Peter Jones encontrou um maço de
cartas enviadas para seu bisavô por seu pai na Irlanda. As cartas falam de
noticias da família, nascimentos, óbitos, vendas de terrenos e más colheitas.
Lembram ao filho que ele é amado, perdido e lembrado pela sua família na
Irlanda. A carta final informa que o seu pai a quem ele não vê há 30 anos
morreu. A última ligação com a família está quebrada.
"Kilkelly" é “ a História da própria família
do meu pai”, diz Peter Jones.
O cemitério velho mencionado na canção foi renovado e
restaurado e tem uma área para piqueniques, nas margens do rio Trimogue.
Kilkelly era, à altura, uma pequena aldeia no Condado
de Mayo.
Lembro que a música foi feita após a recolha de várias
cartas, trocadas entre pai e o filho emigrado na América.”
Fontes: Henry's
Songbook
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