quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

NO SALÃO PRETO E PRATA


Todas as segundas-feiras, no Michael’s Pub, podia encontrar-se Woody Allen a tocar clarinete.

Depois, passou as segundas-feiras e o clarinete para o Carlyle Hotel.

Não consta que voltasse a mudar de poiso.
 
Mas em 2004 fez o Réveillon no Casino Estoril.

Miguel Esteves Cardoso, no Blitz de 4 de Dezembro de 2004, espantava-se:

Numa página ímpar, depara – sim, porque não é todos os dias que o verbo «deparar» se pode empregar bem – com um anúncio do Casino Estoril que me informa que, para o réveillon 2004/2005, a atracção principal, juntamente com Armando Gama e alguns outros, será Woody Allen e a orquestra de jazz de que faz parte.
Uma vez recuperado o ritmo cardíaco com a administração sábia de beta-bloqueadores e nitroglicerina, lá telefona para o Casino para saber se ainda há mesas. Há. Por 500 euros a cabeça – o que não é caro, porque inclui jantar de gala e todas as bebidas.
«Woody Allen num réveillon do Casino Estoril» é uma imbatível resposta num jogo imaginário em que ganha quem engendrar a combinação mais estapafúrdica: Tom Waits a anunciar os resultados do Totoloto; Brian Eno a fazer as manhãs da Renascença; Bill Murray no papel de mordomo na novela Mistura Fina… (descontando esta última, que até nem está mal vista. )

Woody Allen voltou uma outra vez a Portugal.

A 27 de Dezembro de 2005, para um Concerto no Centro Cultural de Belém., em que o bilhete mais caro,para as cadeiras de orquestra, custava 90,00 euros, e o mais barato, nas galerias, cifrava-se nos 30 euros.

Quem viu o documentário de Barbara Kopple, Wild Man Blues, sobre algumas digressões da New Orleans Jazz Band fica com a ideia de que são um verdadeiro enfado para o artista.

Gozo em tocar música, Woody Allen terá apenas nas noites das segundas-feiras nova-iorquinas.


Aliás Woody assume que não é propriamente um grande músico.  

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