terça-feira, 24 de abril de 2012

VIAGEM EM REDOR DE UMA REVISTA


Esta foi a escolha, para o dia 24 de Abril de 1974, que Eduardo Guerra Carneiro fez para os leitores do Cinéfilo.

Na crítica de cinema, Eduardo Prado Coelho, um dos colaboradores do Cinéfilo, aborda Ritual, filme de Ingmar Bergman.

Começa assim:

Qualquer comunicação travada entre duas pessoas parece depender sempre de um contrato implícito, que estipula a fronteira, que separa o que se pode dizer do que não se pode dizer. A comunicação autêntica corresponde ao alargar progressivo destas fronteiras. Assegura-se assim que num exame de literatura o professor me pode interrogar sobre os meus sentimentos perante um soneto de Camões, mas não pode, segundo o contrato que nos une, inquirir acerca da minha da minha vida. E assim por diante. Pois é esta mínima lei, que parece regular as relações entre as pessoas , que Bergman transgride espectacularmente no seu filme Ritual – e daí a violência.



Para terminar a crítica, Prado Coelho escreveu:

Rito infindável (que apenas uma decisão formal vem fechar) – ou (como se diz num poema de Luiza Neto Jorge) “rio que só tinha de humano o ir/secando”.

O filme estava em exibição no Estúdio do Cinema Império.

No Monumental podia ver-se Harry, o Detective em Acção de Ted Post com Clint Eastwood.

A violência transformada no mais desprezível dos espectáculos.

No Mundial exibia-se O Nosso Amor de Ontem de Sidney Pollack, Com Robert Redford e Barbra Streisand

Da história de amor filmada no mais puro estilocpublicitário ao revivalismo da América  dos anos 40, passando pela “mensagem” social e pelas vedetas sempre em grande plano, nada falta nesta superprodução medíocre, fabricada para o êxito fácil fácil e imediato. De lamentar, sobretudo, o facto de se tratar de um filme realizado por Sydnay Pollack, um dos cineastas americanos mais interessantes da última década, agora, ao que parece, promovido a funcionário conformado.

O Politeama continuava a exibir Eusébio, a Pantera Negra de Juan de Orduña

A imagem convencional do mito ou como aproveitar o futebol para lucro fácil.

O Cine Clube Universitário fazia exibir no cinema Paris, Ladrões de Bicicletas de Vittorio de Sica

No Porto, o Cinéfilo aconselhava, no Estúdio, a ver  A Máscara de Ingmar Bergman, com Bibi Anderson e Liv Ullmann.

Não tarde a ir vê-lo. Aconselhamo-lo mesmo a vê-lo mais do que uma vez, que uma obra como Persona, não encontrará muitas vezes.

O Cine-Clube do Porto exibia, no Batalha, O Mundo a seus Pés de Orson Welles.

Sem comentários: