segunda-feira, 30 de abril de 2012

O REGRESSO DE CUNHAL


Esta é a 1ª página do República de 1974.

O destaque ia para a chegada, ao Aeroporto da Portela, de Álvaro Cunhal.

À hora de esta edição ser impressa, um exilado de 59 anos regressa a Lisboal para trabalhar finalmente no seu país libertado. É àlvaro cunhal, secretário-geral do Partido Comunista Português.

Foi a 3 de Janeiro de 1960 que a PIDE/DGS, acordou, em Peniche, para o seu maior amargo de boca – Cunhal volatilizava-se… Regressa hoje, mais de 14 anos depois, e a emoção assalta os seus companheiros de luta.

Anos mais tarde, o dirigente comunista Francisco Miguel, dirá:

Nunca me conformei com a ideia de que haja alguma prisão absolutamente invulnerável.

Juntamente com Álvaro Cunhal chegavam outros exilados políticos, entre eles encontravam-se  José Mário Branco e Luís Cilia.

Spínola recebia pelas 19,30 horas, todos os presidentes dos sindicatos.

Em nota editorial, o jornal chamava a atenção para eventuais provocações que pudessem ocorrer durante as manifestações do 1º de Maio:

Não respondamos a provocações, nem nos deixemos ir na onda dos que querem afundar e comprometer. Cuidado com as infiltrações de provocadores!

Claro que, naquele dia, não apareceram nem provocadores, nem agitadores.

Estavam na toca, à espera de melhores dias.

Dias que, aos poucos, por distracção nossa, ou pelo que lhe quiserem chamar, acabariam por acontecer.

Sabemos, hoje que muitos militares, muita outra gente, se meteu na barca para a afundar.

Como escreveria o colunista Artur Portela Filho, na sua Feira das Vaidades, publicada neste mesmo número do República:

O camaleão não muda de cor de cor uma vez só.

Mudar de cor é a própria natureza do camaleão.

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