quinta-feira, 5 de abril de 2012

OLHAR AS CAPAS


Ensaios Impopulares
Bertrand Russell
Tradução: Brenno Silveira
Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1956

O Homem é um animal racional – pelo menos foi isso que me disseram. Durante uma longa vida, tenho procurado, diligentemente, uma evidência a favor de tal afirmação mas, até agora, não tive a sorte de deparar com ela, conquanto a haja procurado em muitos países que se estendem sobre três continentes. Tenho visto, ao contrário, o mundo mergulhar incessantemente, cada vez mais, no desatino. Tenho visto grandes nações, que antes eram líderes da civilização, serem levadas à perdição por pregadores de tolices bombásticas. Vi a crueldade, a perseguição e a superstição aumentar em grandes saltos, até chegar ao ponto em que o louvor à racionalidade serve apenas para fazer com que um homem seja apontado como uma criatura de ideias confusas, que lamentavelmente, sobreviveu a uma época já passada. Tudo isso é deprimente, mas a tristeza é uma emoção inútil. A fim de livrar-me dela, fui levado a estudar o passado com mais atenção do que antes lhe havia concedido, tendo descoberto, como Erasmo descobriu, que a loucura é perene, mas que, não obstante, a raça humana sobreviveu.


Nota do editor:
Durante o mês de Abril, irei apresentando uma série de livros que me acompanharam durante os tempos da ditadura.
Livros que, por isto ou por aquilo, ajudaram a formar uma consciência cultural e política.
A sua aparição não obedece a algum critério, e, naturalmente, muitos livros e autores irão ficar de fora. 

Sem comentários: