quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

P.Q.P.



Numa daquelas citações que o Público coloca no canto superior direito da última página, lia-se uma de William Shakespeare:

Bem pago está por satisfeito se dá.

É  o que nos acontece.

Gostamos que nos tratem a pontapé, gostamos que nos aldrabem, gostamos que nos ponham a pão e água, gostamos que nos transformem em miseráveis e nos digam que, apesar de tudo isso, vivemos em democracia, que sabemos escolher quem nos governa.

Habituamo-nos a tudo.

Indignamo-nos nas bichas das caixas de pagamento dos supermercados, nas conversas com os vizinhos mas regressamos a penates e mais nada acontece.

A rotina coloca-nos em estado de normalidade.

Quem permanece em silêncio está desarmado.

Os jovens fogem, os velhos medem o caixão.

No iniciar do novo ano, Ferreira Fernandes, na sua habitual crónica no Diário de Notícias, escreveu:

Em 1 de janeiro de 2014, a cara virada para o passado viu nada; a virada para o novo ano nada vê. 

 O Luiz Pacheco diria:

Puta que os pariu!


Legenda: graffiti de Banksy 

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