sábado, 26 de setembro de 2015

V.S.T. & ETC


A Colecção &etc não está numerada.
Mas Coisas, um volume colectivo, é o primeiro livro editado.
Vi o anúncio da sua publicação na folheca nº 18, Dezembro de 1973.
Fiquei atento.
Mas à cautela pedi ao Carlos Porto, um dos autores antologiados, por esse tempo colaborador do República e um dos donos da Livraria Opinião, que me reservasse, logo que desse à luz, um exemplar.
Foi assim que o livro chegou às minhas mãos.
Tanto quanto me lembro, o livro não teve distribuição pelas livrarias.
Ainda existia a censura e a PIDE e era necessário tomar cautelas e caldos de galinha.
Os textos são da autoria de Adelino Tavares da Silva, António Manaças
Baptista-Bastos, Carlos Porto, José Martins, Nelson de Matos, Paulo da Costa Domingos, Pedro Oom, Virgílio Martinho e de Vitor Silva António Manaças.
Cada texto é antecedido de um desenho.
Os desenhos são da autoria de Ferreiro, Eurico, Lud, com dois desenhos, Figueiredo Sobral, João Rodrigues, Ana Machado, Gonçalo, Aurélia e Aldina.
Ao tempo da publicação de Coisas a &etc situava-se na Rua da Mãe d’Água nº 13-2º.Dtº.
A dedicatória do Vitor Sila Tavares, é colocada no livro, mais mês menos mês, quarenta anos depois da sua publicação.


O texto do Vitor Silva Tavares, publicado em Coisas, termina assim:

Que tal um lar saudável com espaços verdes à volta (na famosa costa do sol)? Nos subúrbios, tanto ranho nas ventas da criançada! Maria, vaza o penico. Morre-se confortado pela Santa Madre Igreja. Os mortos têm todo o tempo a seu favor. Que excitação para os pequeninos espectadores! BIB BIC BIC, a minha terceira escrita. Sofro de cancro na bic. E na tola. E enfim. E mais um automóvel: o Marine é de facto um carro a sério, um fora de série, e por isso dizemos que é tudo quanto se pode desejar num automóvel. Pois pois. Quem sabe comprar, sabe pagar! Segue-se um programa de variedades. Poetas doidos rebentam de sonho e fel nas noitadas a bagaço e cervejame. Como é triste Veneza ll n’y a plus rien. Para o mês que vem veremos. Cá vamos chorando e rindo. Tanta conversa fiada dá-me cabo da molécula. Assim como assim. Tive uma ideia maluca para pôr aqui. Esqueci. Bebi. Cichi. (…)

                 «Imoderato chorabile» é um excerto (ex certo) do texto
                 «Falar desta castração», escrito no Verão de 1972 e con-
                  servado (ainda bem!) inédito.

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