quinta-feira, 12 de junho de 2014

QUOTIDIANOS


 Sou um homem grava, que contempla respeitosamente a horizonte visual. Aguardo o meu filho mais novo, que vai fazer 24 anos no Outono, e reverto o olhar para antigamente. Ainda me movo com presteza; o raciocínio é ainda claro e fértil, mas o recurso à memória, por vezes, é sufocado por hiatos breves. Esqueço-me dos nomes das coisas e costumo dar outros nomes aos nomes. Tenho 65 anos, sou escritor, escrevo um livro de asserções fingidas, sem sentir a necessidade de explicar muita coisa ou de atenuara as diferenças de regime narrativo entre a ficção pura e a História. Sei que as pessoas têm a nostalgia de épocas passadas. Desejo entrar nos sonhos das pessoas: escrevo os meus sonhos.

Baptista-Bastos em O Cavalo a Tinta-da-China.

Legenda: não foi possível identificar o autor/origem da fotografia.

Sem comentários: