terça-feira, 3 de junho de 2014

CAMPEÃO EUROPEU


No dia 31 de Maio de 1961, no Estádio Wankdorf, em Berna, o Benfica conquistava a sua primeira Taça dos Campeões Europeus.

Esta é a capa de O Benfica de 3 de Junho de 1961.

Olham-se os sub-títulos e recolhe-se a  orgulhosa chamada de atenção: uma equipa constituída apenas por portugueses.

Curiosamente a linha avançada do Barcelona apenas tinha um jogador espanhol e o jornal coloca na edição um cartoon sobre esse pormenor:


O Benfica alinhou com:

Costa Pereira; Mário João e Ângelo; Neto, Germano e Cruz; José Augusto, Santana, Águas (cap.), Coluna e Cavém.

O árbitro foi o suíço Dienst

Marcadores: 0-1, Kocsis (20 m); 11, Águas (30 m); 2-1 (Ramallets (31 m. na própria baliza); 3-1, Coluna (55 m); 3-2, Czibor (75 m).

O jogo foi transmitido, directamente, e a preto e branco, pela RTP.

Uma transmissão cheia de percalços, tantos foram os cortes de imagem que aconteceram. As comunicações não tinham a técnica que hoje acontece nas transmissões televisivas.


Para tornar a pílula mais negra, por causa da visita do Presidente Kennedy a Paris, Portugal ficou sem direito a satélite, houve interrupção da transmissão, que até então tinha sido quase miserável, e voltámo-nos para a velha e inestimável companheira rádio e, através da Emissora Nacional, ficámos com  o relato do Artur Agostinho.


Para compensar, a RTP várias vezes ao longo das semanas, transmitiu o jogo integral e, pela primeira vez, vimos claramente visto a sorte espantosa do Costa Pereira a olhar para bolas a bater num poste, a percorrer a linha de baliza, ir ao poste contrário e serem chutadas para canto.

Um sufoco.

Bella Guttman continuou como treinador do Benfica, ganhará a segunda Taça dos Campeões Europeus frente ao Real Madrid e deixa o comando do clube.

Voltará mais tarde mas, por maus resultados, é despedido e é então que lança a célebre maldição de que o Benfica nunca mais ganhará uma competição europeia.

Quem acredita em bruxas tem a possibilidade de dar corpo ao mito.

Como não acredito em bruxas, por aqui me fico.

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