terça-feira, 3 de março de 2015

O QU'É QUE VAI NO PIOLHO?



Um livro organizado, por Manuel Costa Silva, para Lisboa 94 Capital Europeia da Cultura.

Das palavras introdutórias

Graças às histórias e aos mitos do cinema, os filmes deram-nos a conhecer inúmeras cidades, a sua geografia, a sua arquitectura, o seu retrato imaginário o o seu verdadeiro rosto.

O binómio cidade/Cinema tem muitas leituras. Essa relação consegue transformar a cidade em protagonista, quer dizer incorporando a ventura humana, as personagens e os seus estados de alma.

A cidade pode ser cenário activo ou pode existir como um elemento passivo que favorece no mistério de uma história.

Lisboa a 24 Imagens é uma recolha de textos inéditos que pretende dar a ver a inscrição desta cidade nas histórias que os filmes contaram.


Textos de gente vária como João Bénard da Costa, Mário Castrim, Álvaro Guerra, Antonio Tabucchi, David Mourão-Ferreira, José Cardoso Pires, Mário Zambujal, Urbano tavares Rodrigues, Fernando Lopes, Jorge Silva Melo, José Fonseca e Costa, Lauro António, Monique Rutler, Joaquim leitão, Paulo Rocha, outros mais.

Pelo livro encontramos memórias dispersas, cartazes, revistas e folhetos que fizeram a história da cidade no cinema.

Cento e quatorze filmes nacionais e estrangeiros tiveram Lisboa como cenário ou apenas como nome mencionado, ou fonte de inspiração.


O último, e doloroso, capítulo do livro fala-nos dos cinemas desaparecidos, mortos e moribundos.

Estão lá o Eden, o Salão Lisboa, o Paris, o Jardim Cinema, o Royal, o Politeama, o Cinearte, o Tivoli, o Odeon, o Capitólio, o Berna, o Olympia, o Cine Pátria.

De 1994 até aos dias hoje quantos mais cinemas, tragicamente abatidos, outros a exercerem outras funções, outros, inexplicavelmente, abandonados, degradando-se em cada dia que passa?

O nosso adeus aos Cinemas Paraíso de tantas infâncias e adolescências.


Joaquim Leitão, no capítulo das Visões da Cidade, conta esta Pequena História Inspirada em Factos Verídicos:

Lembro-me, como se fosse hoje, da última vez em que me senti completamente feliz.

Foi em Lisboa. Num domingo ao fim da manhã, em maio. Ia a descer a Rua Morais Soares, pelo passeio onde dava o sol.

Lembro-me perfeitamente. Não aconteceu nada de especial. 

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