segunda-feira, 16 de março de 2015

OS IDOS DE MARÇO DE 1975


16 de Março de 1975

Neste dia ficava a saber-se que, após algumas hesitações, o governo brasileiro dava asilo político ao ex-general Spínola.

No avião da Ibéria que, mais os 18 oficiais que desde o golpe o acompanham, o transportou para São Paulo, em jeito de manifesto, justificaram-se aos jornalistas que se revoltaram para restabelecer a promessa de democracia da Revolução do 25 de Abril. O nosso povo tem estado a sofrer as mais abertas violações e a autoridade desapareceu nas ruas. A anarquia alastra pelo País. Foi para cumprir a nossa promessa, para garantir a liberdade, para salvaguarda as eleições de 12 de Abril, para aniquilar as forças antiportuguesas da desordem, que pegámos em armas. A perseguição política e religiosa é conduzida na sombra por agentes de partidos e internacionalistas, que se tornam cada dia mais fortes. A escalada da violência atingiu um ponto que nunca imaginámos. Um governo complacente, a actuar em conjunto com as forças de subversão, assiste à ruína material e moral da Nação… lançando Portugal no descrédito do mundo livre. As Forças Armadas não intervieram em 25 de Abril para mudar de ditadura. Foi para instalar a democracia, para restituir ao nosso povo a liberdade contra os fascismos da esquerda ou da direita, os que se vestem de negro ou de vermelho… Não podemos consentir no martírio de Portugal e na ruína da Pátria.

À chegada a São Paulo, Spínola apressou-se a desmentir que tivesse afirmado não  desejar voltar algum dia a Portugal, ao mesmo tempo que declarava que se dedicaria a «actividades intelectuais», com o propósito de escrever um livro: «Reflexões sobre os Dilemas do Mundo Contemporâneo».

Mas o antigo governador da Guanabara, Carlos Lacerda, afirmava, ao Jornal da Tarde, que o ex-general «está decidido a continuar a luta».

Em 1973, Amílcar Cabral retratava Spínola:


Fontes:
- Acervo pessoal;
Os Dias Loucos do PREC de Adelino Gomes e José Pedro Castanheira.

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