quarta-feira, 22 de julho de 2015

O QU'É QUE VAI NO PIOLHO?


Disse o Sr. Joseph L. Mankiewickz que a única diferença entre um filme e a vida real é que um filme tem que fazer sentido.

Aprender a olhar.

Gostar de ver, mesmo que não se entenda o que se olha.

Guarda-se e descobre-se, num qualquer dia, lá muito para a frente, o porquê.

O amargo Sr. Jean-Luc Godard tinha (ainda tem?) a ideia de que o cinema é a mais bela fraude do mundo.

O privilégio de ter um mundo de cinemas em redor da rua onde se nasce, na rua em que a adolescência aconteceu.

Os cinemas chamavam-se Royal, Cine-Oriente, Imperial, Max, Lys, Rex.

Já não existem.

O Royal é um supermercado, o Cine-Oriente deu lugar a um edifício onde se situa a estação de Correios da Graça, o Imperial há longos anos que está fechado sem qualquer tipo de destino, o Max é uma igreja, o Lys é um complexo de escritórios abandonados e uma loja do Calçado Guimarães, o Rex é uma loja de chineses, ou muçulmanos, vai alternando.

Passavam duas fitas por sessão. Uma boa e outra para completar o programa.

Muitas vezes eram as duas más, mas o fascínio acontecia.

Quem andou pelos cinemas de bairro, necessariamente, tem de gostar do cinema para sempre e ter uma enorme relutância em ver um filme fora de uma sala escura.

Legenda: a fachada do Imperial nos dias de hoje. 

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