Comecemos com a clássica imagem de filmes. Em primeiro
plano, o escritor. Está só com a sua velha máquina de escrever. A noite é tanta
que a casa se confunde com o mundo. Os cigarros ardem no cinzeiro cheio de
beatas. A luz desce conicamente do velho “abat-jour” iluminando o seu perfil
nervoso e a folha branca onde crescem as palavras. A mulher chama-o da sala ao
lado pela terceira vez. Pela quinta vez ele não responde. A mulher faz as malas
e sai. Pela porta deixada aberta entra a fúria do vento. Ouve-se a chuva a cair
no exterior e uma sucessão de portadas a bater.
Manuel Hermínio
Monteiro, Elogio do Escritor em Urzes.
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