terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

GUITARRA


Punhal de prata já eras, 
punhal de prata! 
Nem foste tu que fizeste
a minha mão insensata. 

Vi-te brilhar entre as pedras, 
punhal de prata! 
- no cabo,flores abertas, 
no gume, a medida exacta, 

a exacta, a medida certa, 
punhal de prata, 
para atravessar-me o peito 
com uma letra e uma data. 

A maior pena que eu tenho, 
punhal de prata, 
não é de me ver morrendo, 
mas de saber quem me mata.

Cecília Meireles em Antologia Poética

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