terça-feira, 4 de junho de 2019

OLHAR AS CAPAS


Cadernos do Meio-Dia
Nº 3

Coordenação de António Ramos Rosa, Casimiro de Brito, Fernando Moreira
 Ferreira, Hernâni de Lencastre
Edição dos Coordenadores, Faro, Outubro de 1958

Canção de Vistoriar

Vou aqui por este lado
a vistoriar o historiado.

Vou por aqui e vou bem.
Já o dizia a tua mãe.

Pobre morta, é verdade.
Mas é assim a eternidade.

Vou depressa antes que anoiteça
e o campo, de facto, desapareça.

E canto esta canção irregular
que é como canta quem anda a vistoriar.

Mário Cesariny de Vasconcelos

2 comentários:

Luis Eme disse...

(nunca tinha ouvido falar destes cadernos, com um nome tão curioso. Estamos sempre a aprender, Sammy...)

Sammy, o paquete disse...

É com estes Cadernos do Meio-Dia que entro na poesia portuguesa diferente da que era impingida nas selectas literárias.
Entre os livros da biblioteca do meu pai encontrei, por exemplo, os «Dez Dias Que Abalaram o Mundo» do John Reed, numa incrível tradução brasileira, mas não havia um único livro de poesia.
Dos Cadernos viajei para a excelente colecção «Poetas de Hoje» da Portugália Editora, uns comprados pouco a pouco, outros entrados como prendas de Natal e de aniversário
Mas estes Cadernos são o cimento do meu edifício poético.
E por eles tenho uma ternura muito especial.