quarta-feira, 26 de junho de 2019

OLHAR AS CAPAS


Madrugada Sangrenta

Hartley Howard
Tradução: Fernanda Pinto Rodrigues
Capa: Lima de Freitas
Livros do Brasil, Lisboa s/d

- Continuo a pensar que foi uma pena, senhor inspector, mas suponho que tem razão.
O inspector sorriu e viu as horas.
- Se tenho razão, é a primeira vez em muito, muito tempo – comentou. – Que lhe parece, sargento, se fizermos às nossas respectivas e respeitáveis esposas a surpresa de ir para casa cedo?
- Parece-me que é uma boa ideia. Ultimamente a minha anda a dizer que os pequenos me veriam mais se eu fosse marinheiro…
- A minha prefere mostrar-se distante quando eu chego tarde para jantar. A sua única saudação é: «Está no forno.»
Já à porta, o sargento Coe observou:
- Não creio que tenhamos grande razão de queixa, comparados com alguém que conhecemos…
- Quem?
- Um fulano chamado Ratchford. Aposto que a mulher o espicaçará até ao fim dos seus dias, Tinha razão ao afirmar que ouvira dois tiros, e nunca mais o deixará esquecer esse facto.
- Todos nós temos a nossa cruz, sargento… A minha, actualmente, são equações quadráticas… e como se isso não chegasse, há ainda uma coisa fantástica chamada cálculo…
- Esta noite tem trabalho para casa, senhor inspector?
- receio bem que sim. E você?
- Vou ver televisão. Vejo sempre, às terças-feiras, se consigo chegar a casa a tempo.
- Qual é o programa?
Um sorriso iluminou as feições coriáceas de Coe, que respondeu:
- Um destes mistérios policiais em que o inspector nunca se engana… Boas noites.

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