quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

OLHAR AS CAPAS


As Armas Estão Acesas Nas Nossas Mãos

Antologia Breve da Poesia Revolucionária de Moçambique

Prefácio: Papiniano Carlos

Capa: A.C. Ferreira

Edições Apesar de Tudo, Porto, Maio de 1976

 

Grito Negro

 

Eu sou carvão!

E tu arrancas-me brutalmente do chão

e fazes-me tua mina, patrão.

Eu sou carvão!

E tu acendes-me, patrão,

para te servir eternamente como força motriz

mas eternamente não, patrão.

Eu sou carvão

e tenho que arder sim;

queimar tudo com a força da minha combustão.

Eu sou carvão;

tenho que arder na exploração

arder até às cinzas da maldição

arder vivo como alcatrão, meu irmão,

até não ser mais a tua mina, patrão.

Eu sou carvão.

Tenho que arder

queimar tudo com o fogo da minha combustão.

Sim!

Eu sou o teu carvão, patrão.

 

José Craveirinha

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