sábado, 5 de fevereiro de 2022

POSTAIS SEM SELO


 Por aqueles tempos, nascia-se em casa.

Na rua onde nasci, não havia qualquer sala de cinema mas, em redor, havia uma enormidade de cinemas.

Mentalmente percorro essas ruas, sigo em direcção à Graça e encontro o Cine-Oriente, o Royal, junto à Morais Soares o Max, o Imperial, na Almirante Reis o Cinema Império, o Lys, o Rex, mais abaixo o Salão Lisboa, e se subir até à Duque de Ávila encontro o Avis.

Desapareceram quase todos, outros mantêm o espaço, mas viraram diversos, quiçá estranhos,locais de consumo.

O cinema é um mundo de afectos que provoca uma grande e inolvidável memória e a cada um o seu Cinema Paraíso, a sua última sessão.

É assim que também a morte nos visita.

Legenda: Cinema Royal na Rua da Graça, hoje um supermercado.

2 comentários:

Seve disse...

Foi no Royal-Cine (1929), do Arquitecto Norte Júnior que, a 5Abril1930, se estreou o cinema sonoro, numa demonstração solene que contou com a presença do presidente da Republica.

(do excelente livro "OS CINEMAS DE LISBOA-um fenómeno urbano do século XX" de Margarida Acciaiuoli, da Editora Bizâncio, edição de 2012).

Sammy, o paquete disse...

Sim, um livro imprecindível para se saber como foi o cinema em Portugal. Já teve lugar em «Olhar as Capas»