quinta-feira, 14 de março de 2024

DOS REBOTALHOS E COISAS ASSIM...


A  televisão tem sido altamente responsável pelo quase nulo desenvolvimento do país, porque jornais já quase ninguém os compra, ou lê.

Os resultados das eleições de domingo são o espelho do desinteresse cultural da população, do sentido de voto que o escrutínio veio a ter.

Um povo despropositado, falhado, mau, javardo, repugnante, inculto, analfabeto.

O resto está tudo nos livros. Que uns, pouquíssimos, lêem e outros, telemóvel nas mãos, desconhecem ou não frequentam.

Nos últimos oito anos, registou-se "um maior predomínio de número de comentadores com posicionamento político à direita" nas televisões, passando de 22 em 2016 para 37 em 2023, concluiu o MediaLab, centro de investigação do ISCTE.

Comentando o resultado das eleições,  Nuno Ramos de Almeida  escreveu no Diário de Notícias:

«Tive a sorte de nascer num tempo em que pude ver o escuro e a madrugada. Mesmo quando anoitece, sei que é possível ver o sol nascer com uma claridade que varre tudo ao seu redor, nem que se tenha de cerrar os dentes e lutar por uma vida justa.»

Tendo em conta o que os comentadores do café do bairro disseram, o grande culpado do descalabro da esquerda nas eleições de domingo, foi o governo de maioria do Partido Socialista.

Hoje, sabe-se que essa dita maioria governativa, deixou umas massas cativas não se sabe para quê, e que o futuro governo da AD irá aproveitar para resolver alguns dos problemas que poderiam ter sido resovidos, e não o foram: saúde, professores, forças de segurança, etc., etc.

Breve passagem pelas páginas de Viagem ao Fim da Noite de Céline:

«E o pior é pensar onde havemos de arranjar forças para no dia seguinte continuar a fazer o que fizemos na véspera e ainda em tantos outros dias já passados, onde encontraremos forças para tantas diligências imbecis, para mil e um projectos que não conduzem a nada, para as tentativas de vencer uma acabrunhante necessidade, tentativas que acabam sempre por abortar, e tudo isso para nos capacitarmos uma vez mais de que o destino é imutável e que o melhor é conformarmo-nos em ter de cair todas as noites da muralha abaixo, sob a angústia desse dia seguinte, sempre mais instável e sórdido.
É talvez a idade que surge, traidora e nos ameaça com o pior. Já não existe dentro de cada um de nós música suficiente para fazer dançar a vida, aí está. Toda a juventude nos abandonou para ir morrer no fim do mundo, num silêncio de verdade. Para onde ir agora, pergunto, depois de não possuirmos em nós a soma bastante de delírio. A verdade é uma agonia sem fim. A verdade deste mundo é a morte. Precisamos escolher: mentir ou morrer. E eu nunca consegui matar-me.»

1.

A provedora de Justiça requereu ao Tribunal Constitucional a declaração de inconstitucionalidade da lei da morte medicamente assistida.

2.

O referendo organizado na Irlanda para modernizar o conceito de família e as referências às mulheres na Constituição foi rejeitado, anunciou o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, cujo governo sugeriu esta iniciativa.

As emendas foram rejeitadas.

Na prática, nada mudará na Constituição de 1937, que continuará a declarar que o casamento é um requisito para qualquer família e que o valor da mulher para a sociedade vem de cumprir os "deveres na casa". Isto numa altura em que dois quintos das crianças do país nascem fora do casamento e a maioria das mulheres trabalha fora de casa.

3.

A  Igreja Católica regista uma perda de cerca de 500 mil fiéis nas missas de domingo, cerca de 25 por cento  do total em relação a 2019; as receitas das paróquias, assentes em donativos, caíram nos últimos anos de 60 para 35 milhões de euros.

4.

3978 carteiros trabalham actualmente nos CTT. Há três anos eram 4360. Também têm vindo a desaparecer os postos de correio. Hoje são menos de 2 mil por todo o país.

5.

Os cinco maiores bancos privados em Portugal somaram lucros de 3 181 milhões de euros em 2023, um crescimento de 80% em relação ao ano anterior.

6.

Mais de 80% dos médicos dos hospitais privados mantêm um posto de trabalho no SNS, numa situação de duplo emprego.

7.

Os portugueses apostaram quase 8,6 milhões por dia nos jogos da Santa Casa em 2023. As vendas brutas dos Jogos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa atingiram os 3136 milhões de euros no ano passado, mais 72 milhões do que em 2022. A “raspadinha” permanece no topo das apostas.

8.

«Se as contas externas são hoje mais positivas em Portugal, é porque voltámos a ser um país de emigrantes e porque estamos ainda mais dependentes do turismo para compensar o desempenho insuficiente dos restantes sectores exportadores no seu conjunto. Isto é bom para as estatísticas e para as condições actuais de financiamento externo, mas tem um problema: nenhum país pode aspirar a desenvolver-se com base apenas no turismo ou com uma saída em massa da população activa».

Ricardo Paes Mamede

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