terça-feira, 11 de junho de 2024

OLHAR AS CAPAS


Rever Portugal

Textos Políticos e Afins

Edição Mécia de Sena e Jorge Fazenda Lourenço

Prefácio: Jorge Fazenda Lourenço

Capa: João Botelho

Guimarães Editores, Lisboa, Abril de 2011

Camões não tem também culpa de ter sido transformado em símbolo dos orgulhos nacionais, em diversos momentos da nossa história em que esse orgulho se viu deprimido abatido. Claro que esse aproveitamento não teria sido possível se ele não tivesse escrito Os Lusíadas. Porque para além de encher-se a boca com a Fé e o Império, que nem uma nem outra eram para Camões o que eram para o Dr. Salazar, o poeta que servia para mais nada senão para exercícios de gramática estúpida, o que, tudo junto, chega para gerações lhe terem ganho alguma raiva e perdido o gosto de o ler. E há mais e pior: quando no liceu líamos Os Lusíadas éramos proibidos de ler (e não estudávamos) as passagens consideradas mais chocantes pela pudicícia hipócrita desta nossa sociedade de sujeitos felizmente desavergonhados que fingem lamentavelmente possuir a virtude que não têm, e vivem a perseguir os reprimir os pecados alheios.

Sem comentários: