O meu amigo Luís Mira fez o favor de me enviar um texto longo, em que mais uma vez demonstra todo o seu talento para a escrita. Como já o disse antes, é uma pena que o desperdice com o seu ódio de estimação, quando tem tantos amores interessantes, e que merecem muito mais serem fonte de inspiração para a sua excelente escrita.
Posto isto, e referindo-me ao que me foi dirigido, caro Luís, acredito que tenhas ficado bastante feliz com a derrota do Benfica em Londres, e se um acontecimento torna mais feliz um amigo, para mim já é uma satisfação. Mas se a tua felicidade está indexada à minha tristeza desportiva, lamento dizer-te que essa não foi da dimensão que tu imaginaste naquele momento em que o Raul Meireles confirmou a injustiça da eliminação da melhor equipa em campo. Acredito que, se leres este texto, a esta altura já estejas a rir, mas eu não posso explicar-te isto de uma forma que tu entendas. Para isso terias que ver o futebol como um todo, e não apenas como uma operação aritmética em que só te importa que a diferença entre golos marcados e sofridos, pelo Benfica, dê um resultado negativo. Para entenderes para lá disto, terias que conseguir ter um sentimento positivo com o jogo, mas tu não consegues gostar de um clube, ter orgulho numa camisola, adorar um emblema, apenas consegues odiar o Benfica, e sem um sentimento positivo, nem que fosse por um clube de bairro que disputasse um campeonato de Chinquilho, é difícil que entendas que se consegue ter orgulho numa equipa que até marcou menos golos do que o adversário. Nem sempre ganha o melhor, e o futebol não são apenas os golos, há todo um espectáculo, há a magia de um Aimar, a raça de um Javi Garcia, a luta de uma equipa contra todos os infortúnios que sobre si se abateram, antes e durante o jogo. Foi o caso do Benfica em Londres, perdeu, foi derrotado e eliminado, mas nenhum Benfiquista pode ter deixado de sentir orgulho naqueles guerreiros que deram tudo, mais do que lhes era exigido, e que naquela noite honraram as camisolas e o emblema que há mais de 100 anos representa o maior clube de Portugal. Mas para perceber isto é preciso amar-se um clube, qualquer que seja, que é coisa que tu, infelizmente para ti, não conseguiste ainda sentir.
Não foi por Che Guevara ter sido derrotado na selva da Bolívia, que deixou de ter razão ou de ser um símbolo de revolta.
Abraço
Paulo
4 comentários:
Caro Paulo,
Mesmo em Viseu e a trabalhar, mantive o salutar hábito dominical de fazer uma passagem rápida pelos "blogues" e deparo com isto...
Ao ver o título, e com toda a sinceridade, pensei que o teu Amigo Luís fosse o David, mas o meu nome logo na primeira linha deixou-me devidamente esclarecido.
Estranho o local desta tua resposta, tanto mais que os potenciais leitores não devem conhecer o meu texto para poderem ajuizar devidamente a enorme injustiça que estás a cometer.
Ao abrigo da Lei da Emprensa e do Direito à Resposta, eu devia exigir, aqui e agora, a publicação integral do meu texto mas, conhecendo a "imparcialidade" do Editor nesta matéria, sei muito bem que me iria mandar dar uma volta ao bilhar grande...
Mas percebi muito bem a tua mensagem.
Quando daqui a umas semanas virmos uma fotografia do Benfica estendido numa mesa crivado de balas, saberemos muito bem de que lado está a razão e que, mais tarde ou mais cedo, a vitória será (mesmo) nossa...
Boa Páscoa, Caro Amigo!
E repito a recomendação: cuidado com os exageros, porque não te quero ver indisposto amanhã.
Um Abraço do
LM
Caro Luís Mira,
O editor, colocando de lado a sua (im)parcialidade, apenas tem a dizer que, conforme se pode ler no canto direito, Jack Kerouac faz parte da equipa do blogue. Esse pormenor permite-lhe entrar e escrever, bem ou o mal, o que muito bem entender e sem intervenção, ou aprovação, seja de quem fôr.
O que escrever responsabiliza-o.
É uma das vantagens, outros chamam-lhe risco dos blogues colectivos, mas é assim que o editor gosta.
Quanto ao resto, o editor que por outra via, conhece o folhetim, entende que cabe a Jack Kerouac dar, como muito bem lhe aprouver, andamento ao assunto.
Como o almoço de Hallelujah lhe correu bem, lembrou-se, a (des)propósito citar Carlos Drummond de Andrade, que gostava tanto de futebol, como tudo o resto:
"Bem-aventurados os que não entendem nem aspiram a entender de futebol, pois deles é o reino da tranquilidade."
That’s all folks!
A Lei da imprensa é uma cena que não me assiste, até porque este blogue não é impresso. Além de que o texto referido contem linguagem que poderia ferir susceptibilidades, especialmente Benfiquistas, e eu nestas coisas sou muito democrata, podem falar mal de qualquer clube, desde que não seja do Glorioso !
É esta a "Democracia" em que vivemos...
O Editor chuta pata canto, com recurso à citação nº 124, sem ter o mínimo cuidado de escrever algures por aqui aquela frasesinha que ele, Homem dos Jornaisa, tão bem conhece: " As opiniões aqui expressas não correspondem, necessáriamente......"
O Autor diz que é Democrata, mas desde que a Democracia não belisque com o Benfica. Já tinhamos percebido...
E até eu, quiçá influenciado pela linguagem de Viseu, escrevo Imprensa com um E...!
Boa semana!
Um Abraço do
LM
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