terça-feira, 7 de julho de 2015

O QU'É QUE VAI NO PIOLHO?


Parem todos os relógios, desliguem o telefone,
Não deixem o cão ladrar aos ossos suculentos,
Silenciem os pianos e com os tambores em surdina
Tragam o féretro, deixem vir o cortejo fúnebre.

Que os aviões voem sobre nós lamentando,
Escrevinhando no céu a mensagem: Ele está morto,
Ponham laços de crepe em volta dos pescoços das pombas da cidade,
Que os polícias de trânsito usem luvas pretas de algodão.

Ele era o meu Norte, o meu Sul, o meu Este e Oeste,
A minha semana de trabalho, o meu descanso de domingo,
O meio-dia, a minha meia-noite, a minha conversa, a minha canção;
Pensei que o amor ia durar para sempre, mas enganei-me.

Agora as estrelas não são necessárias: apaguem-nas todas;
Emalem a lua e desmantelem o Sol;
Despejem o oceano e varram o bosque;
Pois agora tudo é inútil.


W.H. Auden
Tradução de Maria de Lurdes Guimarães copiada da revista Ler, nº32, Outono 1995

No filme Quatro Casamentos e um Funeral, Matthew recita, na morte do seu amigo e amante, Gareth, o poema Funeral Blues, de W.H. Auden.
A tradução utilizada é a de  Maria de Lurdes Guimarães, copiada da revista Ler, nº 32, Outono 1995-

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