Com este título,
há precisamente 20 anos, Miguel Esteves Cardoso assinava, nas colunas de O
Independente, um comovido In Memoriam de Fernando Assis Pacheco:
Teremos grandeza bastante para descobrir a grandeza
dele? Provavelmente não. É uma obra imensa que tem de ser lida na inteireza.
Seria preciso o impossível – outro Assis Pacheco – para lhe dar a devida
atenção e o decidido valor. Mas se nos juntarmos todos… talvez sejamos capazes
de abraçá-lo mais uma vez. E, desta vez para sempre.
Vai ser bom lê-lo e vê-lo renascer. Uma alegria para
acompanhar e tornar ainda maior a nossa mágoa, dando-lhe o sentido que ainda
nos falta conhecer e sofrer para começarmos a aproximar-nos da sua verdadeira
inteireza. Leve o tempo que levar. Tem de ser. Não é por ele. É, no espírito e
generosidade que ele sempre nos mostrou, por nós.
Graças ao Assis, para nós apenas.
Dizia o Esteves
Cardoso: leve o tempo que levar.
Demorou 20 anos,
mas aí está: a revisitação da obra de Fernando Assis Pacheco.
A Tinta-da-China
passou a deter os direitos da obra de Fernando Assis Pacheco e tratou de deitar
mãos à obra.
A obra é Bronco
Angel, o Cowboy Analfabeto, que o Assis publicou, nos anos 80, como
folhetim, no semanário Bisnau, com o sugestivo pseudónimo William
Faulkingway.
Trata-se de um
livro inédito.
No prefácio,
Carlos Vaz Marques escreve:
De uma forma ou de outra, quase tudo é riso em
Fernando Assis Pacheco. Fazer troça da própria dor pode ser um poderoso
analgésico. Uma pessoa sofre, uma pessoa comove-se, uma pessoa chora, mas no
instante em que o sofrimento ameaça tornar-se autocomplacência é altura de
sabotar a mariquice com uma boa gargalhada. A farsa é capaz de ser a arma mais
eficaz de que dispomos perante a tragédia. Ou, pelo menos, a melhor maneira de
lhe empatarmos o passo, já que o resultado final está escrito de antemão.
O Cowboy
Analfabeto é um livro datado pelo que certas episódios, piadas e alusões, só as
entende quem acompanhou a política, a literatice, o futebol daqueles tempos.
Mas lê-se com
agrado e de uma assentada.
Espera-se,
agora, que a editora tenha o cuidado de procurar as inúmeras crónicas,
histórias, poemas que o Assis deixou espalhado por jornais e revistas.
Não é trabalho
fácil mas, como disse o Esteves Cardoso tem de ser.
Legenda: recorte
de uma crónica de Fernando Assis Pacheco publicada no Diário de Lisboa,
anos 60.
Muito importante
seria recuperar os textos que Fernando Assis Pacheco escreveu para A Mosca,
suplemento de humor, com direcção de José Cardoso Pires, que se publicava aos
sábados no Diário de Lisboa.
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